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( Publicada originalmente às 15h 00 do dia 16/01/2025)
(Brasília-DF, 17/01/2025) Nesta quinta-feira, 16, o Banco Mundial divulgou o seu “Global Economic Prospects ” não traz notícias muito boas.
O documento aponta que o crescimento global deve se manter estável em 2,7% em 2025–26. No entanto, a economia global parece estar se acomodando num patamar de baixos índices de crescimento, que será insuficiente para promover um desenvolvimento econômico sustentado. A trajetória da renda per capita das economias de mercado emergentes e em desenvolvimento indica uma recuperação pífia em comparação com as economias avançadas. A maioria dos países de renda baixa não está no caminho certo para alcançar o status de renda média até 2050.
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As economias em desenvolvimento impulsionam 60% do crescimento global. Contudo, elas devem encerrar o primeiro trimestre do século XXI com a mais baixa perspectiva de crescimento em longo prazo desde o ano 2000, segundo o último relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial. A previsão é que o crescimento do Brasil desacelere para cerca de 2,2% tanto em 2025 como em 2026.
Paralelamente à diminuição gradual dos índices de inflação e das taxas de juros, a economia global deve crescer 2,7% em 2025 e 2026, o mesmo ritmo de 2024. Nas economias em desenvolvimento, o crescimento também deve se manter estável no mesmo período: cerca de 4%. No entanto, esse seria um resultado inferior ao registrado antes da pandemia — e insuficiente para assegurar o progresso necessário para reduzir a pobreza e atingir objetivos de desenvolvimento mais amplos.
A análise do Banco Mundial é a primeira avaliação sistemática da instituição sobre o desempenho das economias em desenvolvimento no primeiro quarto do século XXI.
O estudo conclui que, durante a primeira década do século, as economias em desenvolvimento cresceram no ritmo mais acelerado desde os anos 1970. No entanto, o progresso diminuiu após a crise financeira global de 2008 e 2009. A integração econômica global também apresentou sinais de fraqueza: como parcela do PIB, os fluxos atuais de investimento estrangeiro direto (IED) direcionados às economias em desenvolvimento equivalem a cerca de metade dos níveis registrados no início dos anos 2000.
Em 2024, as novas restrições globais ao comércio foram cinco vezes superiores à média de 2010 a 2019. Como resultado, o crescimento econômico geral caiu — de 5,9% na década de 2000 para 5,1% na década de 2010 e 3,5% na década de 2020. Desde 2014, com exceção da China e da Índia, as taxas médias de crescimento da renda per capita nas economias em desenvolvimento têm se mantido 0,5 ponto percentual abaixo das registradas nas economias ricas, o que aumenta a lacuna entre ricos e pobres.
“Os próximos 25 anos serão mais difíceis para as economias em desenvolvimento que os últimos 25”, disse Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior de Economia do Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial. “Em sua maioria, as forças que, no passado, promoveram a ascensão dessas economias dissiparam-se. Em seu lugar, surgiram situações adversas alarmantes: altos níveis de dívida, baixo crescimento do investimento e da produtividade e aumento dos custos relacionados às mudanças climáticas. Nos próximos anos, as economias em desenvolvimento precisarão de novas estratégias que enfatizem reformas internas para acelerar o investimento privado, aprofundar as relações comerciais e promover o uso mais eficiente de seu capital, talento e energia.”
Atualmente, as economias em desenvolvimento são mais importantes para a economia global que no início do século. Eles representam cerca de 45% do PIB global (no ano 2000, representavam 25%).
“Num mundo moldado por incertezas políticas e tensões comerciais, as economias em desenvolvimento necessitarão de políticas ousadas e de longo alcance para aproveitar oportunidades ainda não exploradas de cooperação transfronteiriça”, disse M. Ayhan Kose, economista-chefe adjunto do Banco Mundial e diretor do Prospects Group.“Um bom começo seria buscar parcerias estratégicas de comércio e investimento com os mercados em rápida expansão de outras nações em desenvolvimento. A modernização da infraestrutura de transporte e a padronização dos processos alfandegários são medidas essenciais para reduzir despesas desnecessárias e promover uma maior eficiência comercial. Por fim, no âmbito nacional, políticas macroeconômicas robustas fortalecerão a capacidade desses países de superar as incertezas do panorama global."
Nos próximos dois anos, as economias em desenvolvimento podem enfrentar sérios obstáculos, observa o relatório. A alta incerteza política global pode minar a confiança dos investidores e restringir os fluxos de financiamento. O aumento das tensões comerciais pode reduzir o crescimento global. A inflação persistente pode atrasar os cortes esperados nas taxas de juros. No entanto, a economia global também pode atingir resultados melhores que os esperados, especialmente se seus principais motores — os Estados Unidos e a China — conseguirem ganhar força. Na China, medidas de estímulo adicionais podem impulsionar a demanda. Nos Estados Unidos, a robustez das despesas das famílias pode resultar num crescimento maior que o esperado, com efeitos benéficos para as economias em desenvolvimento.
O relatório argumenta que as economias em desenvolvimento têm muitas opções para melhorar suas perspectivas de crescimento, apesar dos ventos contrários. Com as políticas certas, essas economias podem até transformar alguns desafios em oportunidades significativas. Atender às necessidades de infraestrutura, acelerar a transição climática e melhorar o capital humano são medidas capazes de melhorar as perspectivas de crescimento e, ao mesmo tempo, auxiliar no cumprimento das metas climáticas e de desenvolvimento. Enquanto isso, todos os países devem trabalhar juntos para fortalecer a governança do comércio global, com o apoio de instituições multilaterais.
Perspectivas regionais:
Leste Asiático e Pacífico: O crescimento deve desacelerar para 4,6% em 2025 e 4,1% em 2026. Para mais informações, ver visão geral regional (i).
Europa e Ásia Central: O crescimento deve cair para 2,5% em 2025, antes de moderar para 2,7% em 2026. Para mais informações, ver visão geral regional (i).
América Latina e Caribe: O crescimento deve atingir 2,5% em 2025 e 2,6% em 2026.
Oriente Médio e Norte da África: O crescimento deve subir para 3,4% em 2025 e 4,1% em 2026.
Sul da Ásia: O crescimento deve aumentar para 6,2% em 2025 e permanecer nesse patamar em 2026.
África Subsaariana: O crescimento deve se firmar em 4,1% em 2025 e 4,3% em 2026
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)