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Ex-ditador sírio Bashar al-Assad disse que não fugiu mas deixou o país a pedido da Rússia
17/12/2024 06h43
Foto: Arquivo Política Real

( Publicada originalmente às 14h 39 do dia 16/12/2024) 

Com agências

(Brasília-DF, 17/12/2024). Nesta segunda-feira, 16, em comunicado no canal da presidência síria no Telegram, o ex-ditador da Síria Bashar al-Assad disse que só deixou o país depois que a capital Damasco caiu

Assad diz que estava na cidade no dia 8 de dezembro, quando os rebeldes tomadam Damasco, e que foi "evacuado" para a Rússia naquela noite. "Em nenhum momento, durante esses eventos, considerei renunciar ou buscar refúgio", diz.

Segundo o documento, o ex-líder sírio Bashar al-Assad disse que os militares russos o retiraram do país depois de a base militar ter sido gravemente atacada por drones.

“Eu não deixei o país como parte de um plano, como foi noticiado anteriormente”, disse Assad.

Desde que foi derrubado do poder pela ofensiva relâmpago liderada pelo grupo insurgente islâmico Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) e ter fugido para a Rússia, há uma semana, não havia notícia sobre Assad.

A confirmação de que recebera asilo na Rússia veio do Kremlin no mesmo dia de sua chegada, mas sem mais detalhes.

"Como as forças terroristas se infiltraram em Damasco, eu me mudei para Latakia, em coordenação com nossos aliados russos, para supervisionar operações de combate", afirma o comunicado, em refência à cidade síria na costa mediterrânea.

Mas ao chegar à base aérea de Hmeimim, controlada pelos russos, naquela manhã do dia 8 de dezembro, "ficou claro que nossas forças haviam sido retiradas de todas as linhas de batalha e que as últimas posições do Exército haviam caído".

A base militar russa ficou "sob ataque intensificado por ataques de drones" e "sem meios viáveis de deixar a base", diz o comunicado.

Segundo o relato, Moscou solicitou então que o comando da base providenciasse uma "evacuação imediata" para a Rússia.

De acordo com a agência de notícias Reuters, assessores, funcionários e até mesmo parentes de Assad foram pegos de surpresa com a decisão dos russos de tirar Assad da Síria.

Organização terrorista

O colapso da ditadura de Assad surpreendeu o mundo e provocou comemorações na Síria e em outros países, depois que a repressão aos protestos democráticos em 2011 provocou uma das guerras mais mortais do século. Foram mais de 500 mil vítimas nesses 13 anos de guerra civil, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Mais da metade da população síria foi forçada a fugir de casa.

A ofensiva rebelde arrancou do controle de Assad cidade após cidade em poucos dias, até chegar à capital, Damasco, pondo fim a mais de 50 anos de controle do governo sírio pela mesma família. No seu comunicado, Assad se refere ao grupo HTS como "terrorista".

Com raízes no ramo sírio da Al-Qaeda, o HTS é classificado por vários governos ocidentais como uma organização terrorista, embora tenha procurado moderar sua retórica e prometido proteger as minorias religiosas do país.

No entanto, muito antes do surgimento do HTS e dos grupos jihadistas na guerra da Síria, Assad sempre classificou seus oponentes, inclusive manifestantes não violentos, como "terroristas".

( da redação com DW, Euro News, AFP  e AP. Edição: Política Real )  

 



Link da notícia
http://politicareal.com.br/noticias/tempo-real/601425/ex-ditador-sirio-bashar-al-assad-disse-que-nao-fugiu-mas-deixou-o-pais-a-pedido-da-russia