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Assessor internacional de Lula, diplomata aposentado Celso Amorim disse que processo eleitoral e assunto interno da Venezuela e reconhece “mal estar” entre Brasil e Venezuela
30/10/2024 06h50
Foto: Vinicius Loures/Ag. Câmara

( Publicada originalmente às 17h 45 do dia 29/10/2024) 

(Brasília-DF, 30/10/2024)  As comissões parlamentares voltaram a funcionar nesta terça-feira, 29, de forma presencial após as eleições.  A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados se reuniu em audiência pública para ouvir o ex-embaixador Celso Amorim, hoje assessor especial da Presidência da República. Ele disse que o processo eleitoral da Venezuela é um assunto interno daquele país. "Estamos acompanhando de perto esse processo político, mas a solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos, por meio do diálogo, e não imposta de fora”, disse.

“Esse entendimento difícil é necessário, porque temos uma fronteira de 2.000 km com a Venezuela, temos que cooperar contra a criminalidade internacional, proteger povos indígenas e preservar a Floresta Amazônica”, completou.

Ele disse ainda que o presidente Luiz Inácio da Silva não conversa com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desde as eleições: “O presidente Lula não chegou a conversar com o presidente Maduro por não ter recebido sinais de abertura para um diálogo franco", afirmou.

Amorim também reforçou a posição da chancelaria em relação às sanções impostas pela comunidade internacional à Venezuela: “As sanções e o isolamento internacional já se provaram ineficazes e penalizam injustamente a população”.

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), um dos autores do requerimento para a audiência, quis saber se a diplomacia classifica o governo Venezuelano como uma ditadura.

O parlamentar se mostrou preocupado com o aumento de "alinhamentos ideológicos" na diplomacia brasileira, o que, segundo ele, poderia levar o Brasil à posição de "anão político".

“O que estamos vendo é um alinhamento do Estado brasileiro não com um governo de esquerda ou de direita, mas fazendo alinhamento ideológico e partidário a grupos terroristas e organizações criminosas", criticou o parlamentar.

Amorim, por sua vez, disse ser contrário à "classificação de países" em governos ditatoriais ou democráticos. No entanto, afirmou que o fato de o Brasil não ter apoiado oficialmente a autodeclarada vitória de Maduro na eleição sinaliza "mal-estar nas relações" bilaterais.

“Há um mal-estar hoje, eu torço para que isso desapareça, mas vai depender de ações”, respondeu o ex-chanceler.

O assessor reforçou que a ideia é manter a interlocução com o governo de Maduro. No entanto, ele observou que alguns posicionamentos diplomáticos do país, como o veto informal à entrada da Venezuela no Brics (grupo que originalmente reunia Brasil, Rússia, Índia e China), "diminuiu nitidamente” o nível de diálogo com o país vizinho

Dívida

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), um dos que solicitaram a audiência, perguntou sobre os esforços da diplomacia brasileira para receber U$ 5 bilhões devidos pelo governo venezuelano.

Amorim discordou do montante da dívida, que, segundo ele, estaria cotada pelo Ministério da Fazenda em U$ 1,28 bilhão em parcelas atrasadas e U$ 400 milhões de juros. Ele assinalou que esse é um dos motivos para a manutenção do diálogo com o vizinho latino-americano.

"Um dos objetivos de reatar rapidamente com a Venezuela era poder obter esse pagamento e poder continuar a fazer negócios”, disse. Ele acrescentou que em 2012 a Venezuela foi o terceiro país com superávit comercial com o Brasil, superada pela China e pelos Países Baixos.

O ex-chanceler aproveitou para informar aos deputados que uma mesa de negociações bilaterais foi instalada em julho deste ano para discutir o tema.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)

 

 

 

 



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http://politicareal.com.br/noticias/tempo-real/600891/assessor-internacional-de-lula-diplomata-aposentado-celso-amorim-disse-que-processo-eleitoral-e-assunto-interno-da-venezuela-e-reconhece-mal-estar-entre-brasil-e-venezuela