Clique aqui para imprimir
( Publicada originalmente às 11h 30 do dia 12/09/2024)
(Brasília-DF, 13/09/2024) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu uma agenda intensa no Rio de Janeiro, inclusive no Rio Capital, nesta quinta-feira, 12. Teve uma pauta cultural
Lula participou da cerimônia que marcou o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O item é considerado um ente vivo, de caráter espiritual, que traz identidade, memória e pertencimento para os povos indígenas do país, em especial para as populações tupi.
"É um privilégio extraordinário participar, como presidente da República, desse momento tão especial não só para os povos indígenas, mas para a história de todos nós, brasileiros e brasileiras. O retorno do manto sagrado tupinambá, até então parte do acervo do Museu Nacional da Dinamarca, é um marco. Trata-se do primeiro item indígena de simbolismo espiritual a voltar ao país, depois de tantos anos ausente", ressaltou Lula, durante a cerimônia.
O presidente reforçou que o reconhecimento e o respeito aos direitos dos povos originais são prioridade do Governo Federal. “Por isso criamos o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Fizemos e continuamos a fazer a desintrusão de territórios ocupados por não indígenas. Homologamos novas terras e tenho certeza que faremos muito mais, sempre enfrentando os desafios, que são muitos e precisam ser tratados de forma negociada, com diálogo e transparência”, salientou.
O Manto Tupinambá tem quase 400 anos e estava fora do Brasil desde meados do século XVII. Permaneceu no Museu Nacional da Dinamarca por 335 anos. Desde que chegou ao Brasil, segue em um espaço de guarda, em uma sala da Biblioteca Central do Museu Nacional preparada para garantir a sua preservação. O manto não está atualmente em exposição, mas será destaque, em 2026, na reabertura das exposições do Museu Nacional, no Paço de São Cristóvão.
“Hoje celebramos um momento histórico e de grande conquista. O retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, um símbolo profundo da resistência, da espiritualidade e da ancestralidade do povo Tupinambá. Ele retorna ao seu país de origem após séculos de ausência, graças à incansável luta das lideranças Tupinambá e à colaboração de todas as instituições envolvidas”, enfatizou a ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas).
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, ponderou que “a repatriação é uma reparação de dívidas com os povos indígenas, porque traz de volta a fortaleza, a identidade e a cultura para muitos povos indígenas que não tiveram contato — porque foram roubados — para que eles tenham essa identidade”
Márcio Tavares, secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), lembrou que há outros dez mantos do povo Tupinambá em países europeus. “Este ano, o Brasil já recebeu outras valiosas peças culturais de volta. Após 20 anos na França, 585 artefatos indígenas retornaram ao Brasil. O conjunto de objetos provém de mais de 40 etnias. E nós vamos seguir nesse esforço pela repatriação e pelo retorno desses bens ao nosso país”, enfatizou.
Na cerimônia, Jamopoty, a primeira cacique mulher dos Tupinambá de Olivença (BA), celebrou a volta do manto e lembrou a luta pela conclusão do processo de demarcação de suas terras. “Estou falando pela voz do meu ancestral, que me dá força para vir aqui. Estamos aqui no Rio de Janeiro, desde o dia 7 de setembro, para que a gente fizesse nossa vigília, para que a gente dissesse ao manto: estamos aqui, pertinho de você, nos ajude ainda mais. Viva mais de 300 anos, viva mais um tempo, para o Brasil ser diferente, ser um novo Brasil com sua história verdadeira, a história dos povos originários”, disse.
Depois do manto
Mais à noite, presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de reinauguração do Armazém da Utopia, no bairro de Santo Cristo, na cidade do Rio de Janeiro. O espaço cultural esteve fechado para obras de restauração e modernização por 15 meses. Projeto pioneiro para todo o segmento artístico, o novo armazém agora se abre para coletivos artísticos de trabalho continuado do Brasil e do mundo
"Fico feliz por estarmos inaugurando o extraordinário Armazém da Utopia. Tudo isso que está acontecendo no Brasil é porque conseguimos conquistar de volta uma palavra que precisamos aprender a dar muito valor: a democracia”, afirmou Lula, durante a cerimônia. É ela que permite, segundo o presidente, que a cultura seja vista como investimento, não como gasto. “Porque a cultura é uma das formas de você fazer com que 203 milhões de brasileiros e brasileiras se manifestem da forma que são, da forma que querem, para que a gente possa compreender o comportamento da sociedade brasileira e o resultado do povo que nós somos".
Com investimento total de R$ 36 milhões — sendo R$ 12 milhões investidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) — a restauração do armazém não interrompeu as atividades artísticas e de formação técnica da Companhia Ensaio Aberto, responsável pela gestão do espaço desde sua mudança para o local, em 2010.
A reestruturação incluiu obras de restauro e conservação, aquisição de mobiliário e equipamentos cênicos, tratamento e digitalização do acervo, entre outros itens. A preservação do traçado arquitetônico, aliada à remodelagem das funcionalidades do espaço (viabilizada pelo uso da tecnologia), transformará o Armazém da Utopia no maior equipamento cultural capacitado para múltiplas funções do Rio.
Propor novas ideias e usos, na avaliação do presidente, é exatamente o que faz da cultura uma maneira de contrapor o pensamento dominante de uma sociedade. “É por isso que vivo um momento de muito orgulho nesse país, de dizer para vocês, em alto e bom som, olhando na cara de cada um: nunca antes na história do Brasil se investiu tanto em cultura como estamos investindo neste momento”, afirmou Lula. “Não é tudo o que a gente precisa, mas é o máximo que nós já conseguimos. Não custa nada a gente acreditar, batalhar e dizer que a única impossível é Deus pecar. O resto, nós somos capazes de construir”, prosseguiu.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)