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Bento 16 é enterrado no Vaticano
06/01/2023 07h32
Foto: Vatican News

( Publicada  originalmente às 09h 40 do dia 05/01/2023) 

Da redação com DW Brasil,  BBC Brasil e Vatican News

(Brasília-DF, 06/01/2023) Nesta quinta-feira, 5, o Papa Emérito Bento 16 foi sepultado.  Bento 16, o alemão Joseph Ratzinger, morto no dia 31 de dezembro, aos 95 anos. O papa Francisco presidiu a missa fúnebre de seu antecessor, algo inédito na história recente da Igreja Católica.

Ele prestou homenagem à sabedoria e sensibilidade do papa emérito. Francisco enfatizou a confiança de Bento 16 em Deus, sua devoção à oração e seu amor pelo evangelho. Recordou também as fadigas do papado, as difíceis tarefas que "um pastor" tem que enfrentar - "entre encruzilhadas e contradições".

Em face às restrições de saúde do papa, a missa foi celebrada pelo chefe do Colégio dos Cardeais, Giovanni Battista Re.

Após a cerimônia, o caixão com o corpo do papa emérito Bento 16 foi trasladado às criptas do Vaticano para ser sepultado.

O simples caixão de madeira de Bento 16 foi levado da basílica para a praça pouco antes das 9h (horário local), sob aplausos que se confundiram com o toque dos sinos.

Uma cópia dos evangelhos foi colocada sobre o caixão, no átrio da basílica. Entre os fiéis encontravam-se muitos padres e freiras, que fizeram fila para entrar na imensa esplanada coberta pela névoa desde a madrugada.

A cerimônia começou às 9h30 (horário local) e teve a presença, além de cardeais e religiosos de todo o mundo, de vários chefes de Estado e de governo, entre eles o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier e sua esposa. Havia também uma grande delegação do estado natal de Bento 16, a Baviera, chefiada pelo governador Markus Söder.

Velório atraiu 195 mil

No total, 195 mil pessoas passaram durante três dias, de segunda a quarta-feira, diante dos restos mortais de Ratzinger.

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O funeral seguiu o protocolo de um Papa reinante, com algumas modificações. Na homilia, o Papa comentou a leitura extraída de Lucas 23, 46, de modo especial a seguinte frase: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito».

“São as últimas palavras que o Senhor pronunciou na cruz; quase poderíamos dizer, o seu último suspiro, capaz de confirmar aquilo que caraterizou toda a sua vida: uma entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e bênção.”

Francisco nomeou Bento uma única vez, no final, mas as referências são extraídas de textos do Papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est”, a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado.

Citações que traçam o perfil do seu pastoreio, que se deixou cinzelar pela vontade do Pai, carregando aos ombros todas as consequências e dificuldades do Evangelho até ao ponto de ver as suas mãos chagadas por amor. Até ao ponto de fazer palpitar no próprio coração os mesmos sentimentos de Cristo Jesus de dedicação agradecida, orante e sustentada pela consolação do Espírito.

Foram essas três “dedicações” explanadas por Francisco.

Dedicação agradecida feita de serviço ao Senhor e ao seu Povo que nasce da certeza de se ter recebido um dom totalmente gratuito. Dedicação orante, que se plasma e aperfeiçoa silenciosamente por entre as encruzilhadas e contradições que o pastor deve enfrentar e o esperançado convite a apascentar o rebanho. Como o Mestre, carrega sobre os ombros a canseira da intercessão e o desgaste da unção pelo seu povo, especialmente onde a bondade é contrastada e os irmãos veem ameaçada a sua dignidade. Dedicação sustentada pela consolação do Espírito, que sempre o precede na missão e transparece na paixão de comunicar a beleza e a alegria do Evangelho.

“Também nós, firmemente unidos às últimas palavras do Senhor e ao testemunho que marcou a sua vida, queremos, como comunidade eclesial, seguir as suas pegadas e confiar o nosso irmão às mãos do Pai: que estas mãos misericordiosas encontrem a sua lâmpada acesa com o azeite do Evangelho, que ele difundiu e testemunhou durante a sua vida.”

Para Francisco, Bento XVI cultivou a consciência do pastor que não pode carregar sozinho aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, soube abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado.

É o Povo fiel de Deus que, congregado, acompanha e confia a vida de quem foi seu pastor. E o faz com o perfume da gratidão e o unguento da esperança, com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que o Papa emérito soube dispensar ao longo dos anos.

“Queremos dizer juntos: «Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito». Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”

 

( da redação com agências)



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http://politicareal.com.br/noticias/tempo-real/593818/bento-16-e-enterrado-no-vaticano