( Publicada originalmente às 11h 00 do dia 08/02/2021) 

(Brasília-DF, 09/02/2021)  O deputado Rodrigo Maia(DEM-RJ) deu uma longa entrevista exclusiva ao jornal “Valor Econômico”, publicada nesta segunda-feira,8, - sua primeira depois de deixar o comando da Câmara dos Deputados dizendo. Ele disse  que está fora do Democratas(DEM). Ele não disse qual seu futuro partido e que vai buscar sua saída pelo Tribunal Superior Eleitoral(TSE).  Ele fez duras críticas ao presidente nacional do Democratas, ACM Neto(BA), que o teria traído com duas palavras, dizendo que nunca levaria o partido para Bolsonaro o que, na avaliação dele, acabou acontecendo ao definir por neutralidade na disputa da Câmara dos Deputados. Ele disse que Neto não tem a palavra do avô( ACM) e do tio( Luis Eduardo Magalhães),já falecidos e de conhecida história política.

Maia disse que vai fazer oposição ao presidente Jair Bolsonaro e que não espera que ninguém o siga ao sair do Democratas. Ele disse, também, que não vai fazer oposição a Arthur Lira(Progressistas-AL).  Maia disse que ganhar e perder faz parte da disputa, mas a posição partidária deveria ter sido mantida, como fizeram outros partidos, mesmo assediados pelo Governo.

“Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele( Rodrigo Pacheco) no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, desabafou ao “Valor”.

Na entrevista ao Valor, Rodrigo Maia explica que as negociações foram feitas todas com a participação de ACM Neto. Ele disse que Neto fala uma coisa em “on” e outra coisa em “off”.  E o culpou por não cumprir o que dizia publicamente que não iria entregar o partido a Bolsonaro. O Valor pergunta porque Neto teria tomado essa atitude e Maia o acusa de não ter palavra, de ser de direita e não de centro.

“Porque está no DNA dele, né? A direita está no DNA dele, mas sem o talento do avô e do tio, que nunca teriam feito o que ele fez, de participar de um acordo, ratificar esse acordo e depois comandar o caminho para uma neutralidade que era exatamente o que interessava ao governo. É óbvio que o avô e o tio nunca fariam isso de falar uma coisa e construir outra”, disse.

Antes, Rodrigo Maia disse, ele que foi o primeiro presidente do Democratas, que o partido voltou a ser um partido alinhadado com a direita e a extrema direita e que em sua formação se buscava outra cara, uma postura liberal,

“Trabalhamos a mudança de posicionamento do então PFL até virar DEM e todo o posicionamento para se tornar um partido nacional. Isso começa em 1995, quando convidam meu pai, Cesar Maia, e o Jaime Lerner, para ingressar no partido, políticos que vinham de uma origem de centro-esquerda, e tiram o partido da Internacional Liberal, uma aliança internacional dos partidos de direita e extrema-direita, para aderir à Internacional Democrática. A intenção na época era exatamente tirar a pecha do DNA originário da Arena para se transformar num partido de fato de centro, centro-direita no máximo, que pudesse ter força em mais segmentos da sociedade e tivesse condições de vencer.”

Ele disse que não vai fazer oposição ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que derrotou seu candidato, deputado Baleia Rossi.

“Não vou ficar sendo fiscal do novo presidente da Câmara. Estou tratando de política nacional. Sou oposição ao presidente da República, não ao novo presidente da Câmara. Ele ganhou a eleição e vai coordenar os trabalhos da Casa. Tem o direito de ter a opinião dele, como eu tinha a minha.”,

( da redação com informações do jornal Valor. Edição: Genésio Araújo Jr)