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(Brasília-DF, 09/06/2025) Nesta sexta-feira, 09, como já era previsto foi realizada a primeira missa comandada pelo papa Leão 14 após ter sido escolhido como o novo líder da Igreja Católica.
Na manhã desta sexta-feira, Leão 14 retornou à Capela Sistina, onde ocorreu o conclave, para celebrar a missa na presença dos cardeais, na qual proferiu sua primeira homília como papa.
Durante a missa, Leão 14 disse que foi eleito para que a Igreja possa ser um "farol" para iluminar as regiões do mundo onde haja falta de fé.
"Deus me chamou por sua eleição" para ser um "administrador fiel" da Igreja, para que ela possa ser "uma arca de salvação navegando pelas águas da história e um farol que ilumine as noites escuras deste mundo", disse o pontífice em sua primeira homilia.
"Existem muitos cenários em que a fé cristã é considerada absurda, destinada aos fracos e ignorantes. Cenários onde outras seguranças são preferidas, como tecnologia, dinheiro, sucesso, poder ou prazer", disse o papa.
"Estes são contextos onde não é fácil pregar o Evangelho e dar o testemunho de sua verdade, onde os fiéis são ridicularizados, combatidos, desprezados ou, na melhor das hipóteses, tolerados e tidos como objeto de pena."
"No entanto, precisamente por essa razão, são esses os lugares onde nosso alcance missionário é desesperadamente necessário", destacou.
"A falta de fé é frequentemente acompanhada tragicamente pela perda do sentido da vida, pela negligência da misericórdia, por terríveis violações da dignidade humana, pela crise da família e por tantas outras feridas que afligem nossa sociedade", disse o novo pontífice.
Ele também alertou contra a redução de Jesus a uma espécie "super-herói", em uma aparente mensagem aos cristãos evangélicos.
"Hoje, também, existem muitos cenários em que Jesus, embora apreciado como homem, é reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem."
"Isso é verdade não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos cristãos batizados, que acabam vivendo, nesse nível, em um estado de ateísmo prático", criticou.
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Fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja
Em seguida, começou a ler o texto previamente preparado, em que refletiu sobre a frase que Simão Pedro dirige a Jesus, contida no capítulo 16 do Evangelho de Mateus: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'."
Essas palavras de Pedro, afirma o Papa recém-eleito, expressam em síntese o patrimônio que há dois mil anos a Igreja preserva, aprofunda e transmite através da sucessão apostólica. Ou seja, Jesus é o único Salvador e o revelador da face do Pai.
Citando a “Gaudium et spes” do Concílio Vaticano II, Leão XIV recorda que o Filho de Deus se revela a nós através dos olhos confiantes de uma criança, mostrando-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar.
Este tesouro agora “é confiado também a mim, para que eu seja um fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja, de modo que esta seja sempre mais cidade colocada sobre o monte (cfr Ap 21,10), arca de salvação que navega através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo. E isso não tanto pela grandiosidade de suas estruturas, mas pela santidade dos seus membros".
Chamados a testemunhar a alegria da fé
Retomando o episódio bíblico narrado em Mateus, Leão XIV reflete ainda sobre a resposta de Jesus a Pedro, quando diz “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”.
Não se trata de uma questão banal, afirma o Papa, pelo contrário, é de grande atualidade. Pois há duas possíveis interpretações. A primeira é a que identifica Jesus como uma pessoa sem importância alguma, ao máximo um personagem curioso, como fizeram os habitantes de Cesareia de Filipe. Outra possível resposta é a das pessoas comuns, que veem Jesus não como um charlatão, mas uma pessoa reta, com coragem e que diz coisas justas. Mas o consideram somente um homem e, por isso, no momento do perigo, durante a Paixão, O abandonam.
“Também hoje, não são poucos os contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo destinada a pessoas débeis e pouco inteligentes; contextos em que a ela preferem-se outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.”
Trata-se de ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena.
No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.
“Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre quem não crê, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.”
Este, portanto, é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador.
Antes de concluir, citou a frase de Santo Inácio de Antioquia ao se encaminhar para o seu martírio: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo» (Carta aos Romanos, IV, 1).
Essas palavras, afirmou, recordam um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar.
“Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja.”
( da redação com informações de agências e Vatican News. Edição: Política Real)