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ÓLEO NAS PRAIAS: Procuradores dizem que há fortes indícios de que comandante de embarcação grega não quis comunicar vazamento aos brasileiros
01/11/2019 20h38
Foto: click Petróleo e Gas

(Brasília-DF, 01/11/2019) A investigação da Operação Mácula da Polícia Federal provocado pelo inquérito criminal por conta do óleo que atingiu as praias nordestinas ganhou corpo a partir do Rio Grande do Norte e criou entendimento de que um determinado navio de origem grega deve ser o responsável pelo vazamento. Os procuradores avaliam que há fortes indícios de que comandante, os tripulantes e a empresa dona do navio não comunicou propositadamente sobre o vazamento a Marinha do Brasil.

O inquérito policial sobre o caso, no Rio Grande do Norte, teve acesso a imagens de satélite que partiram das praias atingidas até o ponto de origem (ponto zero) de forma retrospectiva. O relatório de detecção de manchas de óleo, de autoria de uma empresa privada especializada em geointeligência, indicou uma mancha original, de 29 de julho de 2019, e fragmentos se movendo em direção à costa brasileira.

Com informações da Marinha, a Diretoria de Inteligência Policial da PF concluiu que “não há indicação de outro navio (…) que poderia ter vazado ou despejado óleo, proveniente da Venezuela”. Ainda de acordo com a Marinha, esse mesmo navio ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, devido a “incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga no mar”.

O sistema de rastreamento da embarcação confirma a passagem pelo ponto de origem, após ter atracado na Venezuela - país desenvolvedor do óleo derramado -, ao seguir viagem para a África do Sul e Nigéria.

Os procuradores da República Cibele Benevides e Victor Mariz destacam que “há fortes indícios de que a [empresa], o comandante e a tripulação do navio deixaram de comunicar às autoridades competentes acerca do vazamento/lançamento de petróleo cru no Oceano Atlântico”. Para eles, “a medida de busca e apreensão mostra-se necessária e de urgência”, para a coleta de documentos que auxiliem no esclarecimento dos fatos.

O Ministério Público Federal classifica o impacto do derramamento de óleo como de “proporções imensuráveis”. O desastre ambiental atingiu estuários, manguezais e foz de rios em todo o nordeste brasileiro, com prejuízos para as atividades pesqueira, de maricultura e turística.

Até 29 de outubro, foram registradas manchas de óleo em nove estados, 94 municípios e 264 localidades. Foram encontrados 107 animais afetados pelo óleo, com 81 mortes. Cerca de 70% dos animais contabilizados eram tartarugas marinhas.

O MPF acompanha o derramamento do óleo desde o início de setembro. A atuação ocorre em duas linhas. A primeira visa a contenção, prevenção e limpeza urgente das praias e costões atingidos, com mobilização dos órgãos municipais, estaduais e federais envolvidos. Já a segunda refere-se à investigação da causa, origem e responsáveis pelo vazamento.

Em todos os estados do Nordeste, o Ministério Público Federal encaminhou procedimentos extrajudiciais sobre o caso. O Inquérito Policial que apura a responsabilidade criminal em nível nacional, foi instaurado pela Polícia Federal no RN, e é acompanhado pelo procurador da República Victor Mariz.

Há ainda, uma Ação Civil Pública assinada por procuradores da República em todos os estados atingidos e que pede o acionamento do Plano Nacional de Contingência (PNC). Na quarta-feira, 30 de outubro, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região concedeu liminar parcialmente favorável ao MPF, determinando a inclusão de representantes dos órgãos estaduais de meio ambiente do Comitê de Suporte do PNC (Leia os detalhes).

Os responsáveis devem responder nas esferas cível – com o pagamento de multa e indenização por danos morais, materiais e sociais – e penal, tipificado na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998), que envolve pena de um a cinco anos de reclusão ou pena de um a três anos de detenção.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)

 



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http://politicareal.com.br/noticias/nordestinas/580887/oleo-nas-praias-procuradores-dizem-que-ha-fortes-indicios-de-que-comandante-de-embarcacao-grega-nao-quis-comunicar-vazamento-aos-brasileiros