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China, numa manifestação sobre outros países, condenou as sobretaxas dos EUA ao Brasil afirmando que "não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência".
11/07/2025 11h00
Foto: Imagem de Streaming

(Brasília-DF, 11/07/2025)  Nesta sexta-feira, 11, porta-voz do Ministério da Relações Exteriores da China, Mao Ning, provocada por jornalistas, disse que a sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos importados do Brasil "não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência".

"A igualdade de soberania e a não-intervenção em assuntos domésticos são princípios importantes da Carta da ONU e normas básicas nas relações internacionais", disse ela.

Foi a primeira manifestação oficial da China sobre a sobretaxa americana contra os produtos brasileiros.

Também na sexta-feira, o chanceler chinês, Wang Yi, disse, sem mencionar o Brasil, que "as tarifas dos Estados Unidos minam a ordem do comércio internacional".

Justificativa política

Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros na quarta-feira, em uma carta pública enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A decisão destoou de decisões semelhantes de Trump sobre tarifas contra outros países ao usar explicitamente um argumento de natureza política para justificar a medida.

O presidente americano criticou o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe para reverter a derrota eleitoral de 2022, e condicionou a retirada da sobretaxa à anulação do julgamento.

Trump chamou o julgamento de Bolsonaro e decisões do Supremo sobre redes sociais de "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos". "Esse julgamento não deveria estar acontecendo", escreveu Trump. "É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE! [sic]"

O presidente americano também disse que a sobretaxa seria necessária para se contrapor a um suposto déficit dos Estados Unidos na sua relação comercial com o Brasil – uma alegação que não se sustenta, pois os americanos têm um superávit consistente nas suas relações comerciais com os brasileiros.

Atualmente, o Brasil já paga 10% de tarifas sobre produtos que exporta para os EUA. A nova sobretaxa entre em vigor em 1º de agosto.

Antes de anunciar a sobretaxa ao Brasil, Trump também havia ameaçado cobrar uma sobretaxa de 10% a países do Brics que se "alinhassem às políticas antiamericanas".

China negociou tarifas após retaliar

A sobretaxa de 50% anunciada por Trump faz com que, na prática, produtos brasileiros sejam tarifados a um percentual próximo ao aplicado a produtos da China, que era o alvo preferencial de Trump quando ele lançou sua guerra comercial após iniciar seu segundo mandato na Casa Branca.

Em abril, o presidente americano chegou a impor tarifas de 145% sobre produtos chineses, o que levou Pequim a retaliar e aplicar uma tarifa de 125% sobre produtos americanos.

Os dois países negociaram em maio uma trégua temporária, que fez os Estados Unidos reduzirem sua sobretaxa sobre produtos chineses para 30%, enquanto a China diminuiu a taxa sobre produtos americanos para 10%.

Em junho, a trégua foi estendida em uma nova reunião entre os dois países, realizada em Londres. Na prática, os produtos chineses são agora tarifados em 55% pelos Estados Unidos – já considerando uma tarifa de 25% que ele impôs a alguns produtos chineses durante seu primeiro mandato.

( da redação com DW. Edição: Política Real)

 



Link da notícia
http://politicareal.com.br/noticias/derradeiras/603761/china-numa-manifestacao-sobre-outros-paises-condenou-as-sobretaxas-dos-eua-ao-brasil-afirmando-que-nao-deveriam-ser-uma-ferramenta-de-coercao-intimidacao-ou-interferencia