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Com agências.
(Brasília-DF, 08/06/2025). O governo dos Estados Unidos, anunciou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional a Los Angeles, na Califórnia.
A medida ocorre após dois dias de confrontos entre manifestantes contra medidas de deportação e autoridades americanas.
Em Paramount, um distrito predominantemente latino de Los Angeles, moradores entraram em confronto repetidamente com agentes federais do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês).
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse que a medida de Trump é "propositalmente inflamatória" e alerta que "só aumentará as tensões".
A primeira tropa da Guarda Nacional chegou na manhã de domingo ,8, do horário local. Eles se reuniram em frente ao centro de detenção no centro de Los Angeles, para onde imigrantes em situação irregular são levados após serem detidos.
A Guarda Nacional é uma força de reserva das Forças Armadas dos EUA, que geralmente atua em nível estadual. Neste caso, trata-se da Guarda Nacional da Califórnia.
Los Angeles é a segunda maior cidade dos Estados Unidos, a maior cidade do Estado da Califórnia, e vai sediar os Jogos Olímpicos de 2028.
Em uma publicação no Truth Social, Donald Trump disse: "Esses protestos da Esquerda Radical, movidos por instigadores e, muitas vezes, por encrenqueiros pagos, NÃO SERÃO TOLERADOS".
Mais cedo, o republicano Trump já havia ameaçado, por meio de uma publicação na sua rede social, Truth Social, "intervir" para reprimir os protestos registrados nos últimos dois dias em Los Angeles. Trump também criticou as autoridades democratas da Califórnia.
"Se o governador Gavin Newscum (forma usada por Trump para mesclar Newsom e "scum", palavra que significa "escória" em inglês), da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguem fazer seu trabalho, o que todos sabem que não conseguem, então o governo federal intervirá e resolverá o problema”, disse o presidente americano.
Já Stephen Miller, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, escreveu no X que os protestos foram "uma insurreição contra as leis e a soberania dos Estados Unidos". No sábado, ele ainda classificou os protestos como uma "insurreição violenta".
O que está acontecendo?
Los Angeles viveu no sábado ,7, seu segundo dia de distúrbios, quando moradores de um distrito predominantemente latino entraram em confronto com agentes federais do ICE.
Gás lacrimogêneo e cassetetes foram usados para dispersar a multidão no distrito de Paramount.
Nesta semana, houve até 118 prisões em Los Angeles como resultado de operações do ICE, incluindo 44 na sexta-feira ,6.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, condenou as batidas, chamando-as de "cruéis".
No bairro de Paramount, o ar estava árido, carregado de gás lacrimogêneo e fumaça do lado de fora de uma loja da Home Depot, onde os protestos eclodiram.
Oficiais do Condado de Los Angeles dispararam granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo a cada poucos minutos para dispersar os manifestantes.
Vizinhos e manifestantes relataram que migrantes se barricaram dentro de comércios locais, com medo de sair.
Uma pessoa foi presa e várias outras detidas após os protestos da noite passada, informou o Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles à BBC. E dois policiais foram tratados em hospital por ferimentos, mas já receberam alta.
O chefe da patrulha de fronteira, Tom Homan, disse à emissora Fox News no sábado: "Estamos tornando Los Angeles um lugar mais seguro".
Em Los Angeles, para onde viajou para supervisionar pessoalmente as operações do ICE, Homan afirmou que mais recursos estavam sendo mobilizados, como a Guarda Nacional, e que o trabalho do ICE continuaria a ser feito.
Homan alertou que haverá "tolerância zero" para qualquer violência ou dano à propriedade privada.
Em uma publicação no X, Dan Bongino, do FBI, também emitiu um alerta aos manifestantes: "Vocês trazem o caos, e nós trazemos algemas. A lei e a ordem prevalecerão."
Ele afirmou que "várias prisões" foram feitas por "obstruir operações".
Por sua vez, o governador Newsom denunciou neste sábado a convocação da Guarda Nacional. Segundo ele, Trump federalizou parte da Guarda Nacional da Califórnia sob a chamada autoridade do Título 10, que coloca a Casa Branca, e não o governador, no topo da cadeia de comando.
"O governo federal está tomando o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviará 2 mil soldados", disse Newsom, que acrescentou que não havia necessidade de enviar militares para o estado. "[O governo federal] não está fazendo isso por causa da escassez de forças policiais, mas porque deseja um espetáculo."
A prefeita de Los Angeles também criticou as operações anti-imigração. "Estou profundamente indignada com o que está acontecendo", disse a prefeita Bass. "Essas táticas semeiam o terror em nossas comunidades e desestabilizam os princípios básicos de segurança em nossa cidade. Não vamos tolerar isso."
( da redação com BBC, Lusa, PP, AFP. Edição: Política Real)