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Lula, falando em rádio de Salvador, disse que se a regulação da chamada “bets” não for aprovada ele vai acabar com sua presença no país
17/10/2024 11h00
Foto: site Metropole

(Brasília-DF, 17/10//2024) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Salvador(BA), depois de cumprir agenda em Natal(RN). Ele irá a Camaçari dar apoio a candidato do PT na disputa municipal em segundo turno e depois segue para São Paulo(SP). 

Ele começou o dia numa entrevista exclusiva à Rádio Metropole na manhã desta quinta-feira , 17, em que adiantou que, caso a ofensiva do governo federal para regular as bets não funcione, a saída será extinguir as casas e sites de apostas online.

"Semana passada, eu tive uma reunião com 14 ministérios sobre as bets. Tínhamos duas opções. Ou acabávamos definitivamente com ela ou a gente regulava. Optamos pela regulação. Recebemos a informação que mais de duas mil Bet saíram de circulação. Vamos ver se a regulação dá conta, mas se não der, eu acabo com elas. Você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta", disse Lula, em resposta a uma pergunta do radialista Mário Kertész.

As bets se tornaram um tema delicado para o governo Lula. Sobretudo, após o Banco Central apontar que, apenas em agosto, beneficiários do Bolsa Família transferiram cerca de R$ 3 bilhões para essas plataformas através do Pix. As plataformas desse tipo são liberadas no Brasil desde o fim de 2018. Entretanto, não houve regulamentação durante o governo Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, Lula iniciou um processo para impor regras de atuação e de cobranças de impostos, com uma lei aprovada pelo Congresso Nacional estabelecendo travas para as apostas online.

O presidente está em Salvador desde a noite de quarta-feira ,16, para lançar a ampliação do Pé-de-Meia, programa de incentivo financeiro que funcionava como poupança destinada a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público e beneficiários do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

Bahia

Acompanhado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o presidente Lula está em Salvador para lançar a expansão do programa Pé-de-Meia. Em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (17), o chefe do Executivo brasileiro relembrou a escolha do nome de Jerônimo para disputar o governo do estado em 2022 e afirmou que o ex-secretário de Educação “tem um futuro brilhante na política”.

"Eu acho que tem um futuro brilhante na política. Jovem, competente, animado, negro - ele fala que é índio -, negro. Casado com uma esposa extraordinária. E eu penso que tem muito futuro. Se tiver cabeça no lugar, certamente esse triunvirato, Wagner, Rui, mais o Jerônimo, e mais ainda pessoas como Otto nos apoiando, eu acho que nós temos uma vida longa na Bahia para melhorar a vida desse povo. E assim eu quero no Brasil”, declarou.

Em conversa com Mário Kertész, Lula relembrou que a ideia inicialmente era que o senador Jaques Wagner disputasse o Palácio de Ondina na eleição de 2022. “Mas ele não queria e também o Fátima [Mendonça, esposa do senador] não queria, essa também é verdade”, revelou o presidente, acrescentando que, depois, o grupo cogitava que o também senador Otto Alencar (PSD) fosse o candidato.

“Fizeram uma reunião comigo em São Paulo, para convencer Otto a ser governador e eu olhei na cara do Otto, ele estava tão triste, não falava nada. Aí, quando terminou a reunião, foi todo mundo embora, eu liguei para o Otto, ‘falei, me diga uma coisa, você quer ser candidato a governador?’ Ele falou não, eu falei: ‘então diga que não quer, cara, nós vamos arrumar outro. E aí me apresentaram essa obra-prima chamada Jerônimo”, contou.

Empresário

O presidente Lula comentou sua trajetória até chegar à presidência da República em 2003, no seu primeiro mandato. Um nordestino que chegou a São Paulo, se tornou líder sindical e virou chefe do Executivo brasileiro. Para o petista, nenhum empresário votou nele, mas ele representa a "única mudança" na forma de pensar do eleitor brasileiro.

“Não havia hábito político do povo votar em alguém como ele. O povo estava sempre acostumado a escolher alguém mais sofisticado, alguém que seja doutor, que fala palavras tão difíceis [...] A política era assim, o povo votava em fazendeiro, doutor, sociólogo, todo mundo ligado à classe dominante. Eu sou a única mudança que houve nesse país, a única alternância de poder”, disse o presidente à Metropole.

Lula ainda destacou que, dentre os presidentes de outros países que conhece, nenhum deles têm uma história parecida com a sua, não enfrentaram o desemprego e a fome ou trabalham em fábrica e viram a casa ser inundada por água da chuva.

“Eu não acredito que um empresário tenha votado em mim. Não acredito mesmo. Trata todos eles com muito respeito e carinho, mas sei que quem vota em mim é o povo lascado desse país, é o pessoal do mundo do trabalho. Então é para essa gente que eu tenho que governar. Eu não tenho dúvida de que lado estou”, disse

Rival

Lula criticou duramente o antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e atribuiu a ele o clima de ódio que dividiu a sociedade brasileira nos últimos anos. A declaração de Lula foi feita durante entrevista exclusiva à Rádio Metropole.

"Bolsonaro é muito incompetente e nunca governou nada nesse país, porque ele é um homem do mal. Ele saiu do Exército falando mal do Exército. Quase é condenado. Depois se meteu na política, dizendo que é contra o sistema, mas viveu 28 anos do mandato de deputado federal. Viveu da política o tempo inteiro, viveu às custas do estado como tenente e depois como parlamentar, mas diz que é antissistema. Ele é o sistema", disparou.

"Bolsonaro é daquelas coisas que não prestam no país, que prejudicam o povo. Por isso ele foi um negacionista na covid. Por isso ele resolveu inventar remédio. Não tenho medo de dizer que 300 mil das 700 mil pessoas que morreram (na pandemia) devem ser debitadas nas costas dele. Essas pessoas, pelo amor de deus, não são do bem. Não fazem bem à sociedade brasileira", acrescentou o presidente. Lula chegou a elogiar a relação com o PSDB, que foi durante mais de duas décadas o grande polo de oposição ao PT,  e disse ter saudade do tempo em que havia trato cordial entre os adversários.

"Hoje, virou a política do ódio. É ofensa pura. Como você pode conviver nessa política assim? Como a democracia pode ressurgir assim?", disparou Lula. O ex-presidente afirmou ainda que jamais imaginou ver pessoas defendendo a tortura, dizendo abertamente que não gosta de negro, de pobre, do trabalhador rural pequeno, do sindicalista, como ocorreu nos último anos. "O demônio foi solto", disparou Lula, ao atribuir à fatia da extrema-direita o clima de guerra entre integrantes de alas ideologicamente contrárias.  

Crime

Lula disse o governo federal prepara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) exclusivamente voltada a combater o crime organizado no país. Indagado pelo apresentador Mário Kertész, âncora da Metropole, Lula antecipou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, foi escalado para elaborar um anteprojeto de PEC com foco em atacar as organizações criminosas no país.

"Quero reunir os 27 governadores de estado para a gente criar uma política de segurança pública que envolva a cidade, o estado e a União. Qual é o papel de cada um nisso?  Porque os estados não abrem mão do controle da polícia (Civil e Militar). A Polícia Federal não pode passar sobre isso. Só pode entrar quando o estado pede. Então, nossa contribuição termina sendo a de passar dinheiro. Não é isso que nós queremos. Queremos que a gente possa definir o papel da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Guarda Nacional, participando junto com as polícias estaduais. Precisamos ter uma coordenação nacional. É isso que estamos propondo: uma espécie de SUS da segurança. Isso vai ser apresentado e se Deus quiser será aprovado", afirmou o presidente.

Lula adiantou ainda que a expectativa do governo é mandar a proposta ainda este ano ao Congresso Nacional, para ver se o país começa 2025 com uma política de segurança pública mais competente. "Lidar com o crime organizado não é lidar com bandido, é lidar com uma indústria, até mesmo multinacional, porque o crime organizado está hoje na política, na Justiça, no futebol, no sindicato, está em tudo quanto é lugar. É uma loucura o que se viajo de dinheiro voando por cima do Oceano Atlântico. Com fé em Deus, teremos um Sistema Único de Segurança Pública", concluiu Lula

( da redação com informações da Radio Metropoles. Edicão: Politica Real)

 

 

 

 



Link da notícia
http://politicareal.com.br/noticias/derradeiras/600771/lula-falando-em-radio-de-salvador-disse-que-se-a-regulacao-da-chamada-bets-nao-for-aprovada-ele-vai-acabar-com-sua-presenca-no-pais