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- Contato Brasil, 21 de dezembro de 2024 13:08:58
(Brasília-DF) Nossa vida é tão cheia de urgências que as chamadas questões centrais são deixadas de lado ou vistas como se pudessem ser adiadas.
Se estamos com dificuldades de entender o rumo, especialmente face a crise da democracia e do desenvolvimento, que precisamos para incorporar toda a sociedade - imagine os mais jovens.
O surgimento do Governo Bolsonaro, goste-se dele ou não, se criticava a forma como se educava os jovens. Independente da questão ideológica, é inegável que algo estava e está errado. Os cinco ministros da Educação do Governo Bolsonaro são uma prova que nada foi feito por lá.
Eles reclamavam de muita coisa, mas não foi apresentado nenhum projeto de reformulação do ensino, seja em que nível for. O novo ministro da Educação, Camilo Santana, bem avaliado entre tantos outros, que chegou com a boa experiência cearense da escola em tempo integral perdeu muito tempo rediscutindo o Novo Ensino Médio e agora enfrenta, há 60 dias, uma greve nos institutos e universidades federais.
Nessa última semana foi divulgada uma pesquisa que aponta que 56% dos alunos de escolas públicas do Brasil, aos 7 anos, estavam alfabetizados em 2023. Se poderia imaginar que os Estados mais ricos ficaram acima dessa média. Seria o óbvio, mas não é. Estados como São Paulo, o mais rico do país, tem índice menor de crianças alfabetizas que antes da pandemia. Seja entre petistas e bolsonaristas estamos com muitas dificuldades com nossas crianças e jovens.
A crise na relação com os jovens não é só um problema brasileiro, mas mundial. Pesquisadores da Ohio State University Wexner Medical Center, nos Estados Unidos, mostraram como 2 em cada 3 pais e mães se sentem desamparados na lida com os filhos. Isso não envolve só a lida, mas educação e formação.
Durante anos os jovens que viveram a chamada redemocratização brasileira e os primeiros anos da redemocratização acreditavam que o futuro seria melhor e que a democracia iria lhes dar oportunidades. As pesquisas mostram que os jovens, que fizeram opção pela formação humana tem, hoje, mais dificuldades de se inserirem nos mercados de trabalho que os jovens que fizeram opções pelo oportunismo, e não pelas ideias, estão tendo mais chances de inclusão do mercado de trabalho.
Os jovens com as novas tecnologias estão sendo animados ao empreendedorismo e não vêm a escola os preparando para isso.
O maior partido do Brasil em filiados, o Partido dos Trabalhadores(PT), partido que comanda o Brasil pela quinta vez e que já fez sucesso com os jovens é um partido que envelheceu. A maioria de suas lideranças estão mais velhas e os muitos jovens se associam a partidos conservadores ou ultraconservadores.
Existe uma descrença entre os jovens de que a escola e as lideranças políticas os levarão a algum lugar melhor que o que se tem hoje.
Quando não se acredita no exemplo, no ensinamento e nas lideranças ficamos de frente de um quadro perigosíssimo. Não podemos pular da infância bela(para alguns) para a serenidade do amadurecimento( para mais poucos, ainda!). A juventude é inexorável. Em meio as urgências do dia-a-dia não podemos perder a atenção, a todo momento, das crianças e jovens. Não podemos largar as mãos das crianças e nem a condução dos jovens.
Só tem um jeito para as lideranças, envelhecidas ou não, é entender - seja você de esquerda, direita ou centro - que é preciso tratar dessa gente “verde” e cheia de angústias. Era mais fácil ser jovem antes, mesmo com menos escolhas.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]