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  • Contato Brasil, 23 de abril de 2024 04:48:23
Genésio Jr.
  • 19/09/2021 13h20

    Não adianta tirar a mesa se não tem algo para colocar no lugar!

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    Imagem de alunos na invasão da UnB( foto: correio braziliense)

    (Brasília-DF) Neste 19 de setembro o educador Paulo Freire, se vivo estivesse, estaria completando 100 anos.

    O bolsonarismo, montado na extrema-direita, tem horror a Paulo Freire. Os pontos principais da discórdia estão baseados no movimento Escola Sem Partido surgido lá atrás e os maus resultados dos alunos do Brasil no programa PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos  que é uma avaliação internacional que mede o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de leitura, matemática e ciências.

    O método Paulo Freire nunca foi totalmente aplicado no Brasil. No mundo inteiro é super bem avaliado e respeitado. O método é muito bom mas é político por natureza pois defende o conhecimento como algo libertador. A extrema-direita é por natureza doutrinadora, daí o choque. Enfim, o método nunca foi completamente colocado para funcionar e a extrema-direita não tem o que colocar no lugar! 

    O bolsonaro por conta disso busca destruir e não construir. Paulo Freire não tem o segredo de tudo. Educar é um processo amplo e aberto por natureza, mas não podemos jogar na lata do lixo algo que é essencialmente bom.

    O Governo Bolsonaro não tem méritos na questão educacional. Isso é flagrante, muitos ministros da Educação, mudanças no Inep, baixa adesão do Enem, inadimplência nos financiamentos, muito ruim!

    Não resta dúvida que precisamos enfrentar várias questões na educação. Isso é flagrante, mas se a extrema-direita quisesse marcar sua passagem no poder com um enfretamento importante seria a questão da autonomia universitária, que precisa ser revistas.

    A Constituição de 1.988 estabeleceu a chamada autonomia universitária baseada no ensino público e gratuito. Um misto e um equívoco. Os vitoriosos após o fim dos governos militares ficaram traumatizados com invasões de Campus, como foi o da Universidade de Brasília.

    A universidade no modelo de autonomia atual precisava receber doações da sociedade( empresários), dos ex-alunos, receber professores visitantes. A autonomia hoje permite que algumas universidades sejam controladas por sua burocracia e servidores quando deveria servir a sociedade e a posteridade.

    Numa eleição de reitoria, os cursos de humanas são em maior número enquanto os cursos de tecnologias são bem reduzidos. Montar um curso de humanas é muito mais barato que um de tecnologia. Pós-graduar um professor de humanas é bem mais barato que um de tecnologia.   As reitorias deveriam dar um peso maior para financiadores e professores eméritos, grandes realizadores, geradores de patentes.

    Se a extrema direita queria mudar algo era fundamental ter encontrado um educador com viés político e ir para dentro do Congresso convencer os parlamentares para fazerem mudanças constitucionais, mostrando que a autonomia universitária teria que ser mudada sem mexer no ensino público e gratuito.

    Se eles estão incomodados com o que temos façam a mudança no conceito e não na afronta e no achincalhe. Repito, não dá para destruir o que se tem se não tem algo para colocar no lugar.

    Paulo Freire pode não ter a lembrança em seu centenário que alguns gostariam. Nem para o bem, nem para o mal. Seus apoiadores nunca conseguiram tirar dele tudo o que poderia ter dado, e seus detratores brasileiros são conseguiram, nem por arremedo, colocar algo no lugar!

    Por Genésio Araújo Jr, jornalista

    e-mail: [email protected]


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