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  • Contato Brasil, 18 de abril de 2024 16:09:55
Genésio Jr.
  • 05/09/2021 13h06

    7 de setembro, ontem e hoje!

    Lá em 7 de setembro de 1822, não tivemos aquela imagem retratada por Pedro Américo com Pedro I, então príncipe regente, às margens do Ipiranga(SP)

    Independência de Pedro Américo( foto: Wilipedia)

    (Brasília-DF) Nós só vamos completar 200 anos da Independência em 2022, mas o assunto do momento vem a ser este 7 de Setembro de 2021.

    Todo mundo fala sobre como poderão ser as manifestações organizadas pelos apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro(sem partido), que estão temperadas por seus óbvios arreganhos antidemocráticos de não aceitar o que vem dos outros poderes, especialmente o Judiciário, seja o Tribunal Superior Eleitoral ou o Supremo Tribunal Federal alegando que existe um suposto atentado às liberdades individuais. O país em maus lençóis e ele dizendo que nossos problemas são outros.

    Lá em 7 de setembro de 1822, não tivemos aquela imagem retratada por Pedro Américo com Pedro I, então príncipe regente, às margens do Ipiranga(SP).  Isso, até quem faltou aulas de história muito bem sabe!

    Na verdade, teve um acordo de reconhecimento da Independência de Portugal que envolveu um tratado intermediado pela Inglaterra.  Estranho, pois tivemos intensas batalhas contra tropas portuguesas por no mínimo 2 anos após aquela data.  No fenomenal livro de Jorge Caldeira, “História da Riqueza do Brasil”, é destacado que o Brasil recompensava Portugal com uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas, o que representava 7% do PIB na época.  E de quebra ainda dávamos a Inglaterra o mesmo acordo que Portugal tinha dado a eles sobre o Brasil.  Por 15 anos iriamos dar aos britânicos 15% de imposto sobre os produtos ingleses na alfândega, enquanto todos os outros pagavam 24%. Um ganho competitivo imenso aos britânicos.  Além de outros favores.

    É bom lembrar que Dom João VI quando deixou o Brasil em 1821, em consequência da Revolução do Porto, levou o ouro que tinha no Banco do Brasil. A coisa começou a ficar feia depois daquele 7 de setembro, o povo e a nova aristocracia não viam nada melhorar. Pedro I que começava o novo Brasil independente, já ameaçava que não iria aceitar a Constituição que fora prometida se ela não fosse digna para ele.

    Como se sabe, ele acabou outorgando(na marra) uma Constituição de 1.824, criando o Poder Moderador que se estabelecia acima de todos os poderes. Na relação com o Judiciário, ele estava acima da lei, não poderia ser processado e ainda tinha o poder da “graça”, que podia salvar qualquer criminoso que assim desejasse.

    Mais adiante, com tantas dificuldades, ele arrumou uma guerra com a Argentina. Depois se soube que ele - pois tudo era escondido, não tinha a tal da imprensa livre - em meio a empréstimos, nos meteu numa conta de 3 milhões de libras esterlinas, quase 10% do PIB. Na prática, juntando tudo ele nos meteu numa conta de 18% de todo o nosso PIB.

    A Independência “bonita” da pintura de Pedro Américo não tinha nada de bela.  Foi um transtorno. O Império, seja com Pedro I, seja com Pedro II, foi um fiasco, perdemos o bonde. Éramos uma economia do tamanho dos Estados Unidos da América.  Eles enfrentaram uma guerra civil, de 1861 a 1865, que os devastou, porém mesmo assim eles nos ultrapassaram em muito, como se sabe. Só lá em 1.906 com a assinatura da Convenção de Taubaté começamos uma verdadeira independência( aí é história).

    A partir do que hoje se vê, vemos um presidente do Brasil em pleno 7 de setembro arrumar uma guerra institucional(como Pedro I arrumou guerra com a Argentina) para que não demos atenção aos nossos reais problemas(como foi o acordo da reconhecimento da Independência, que acabou sendo muito mais dispendioso que os 7% do PIB pactuado).

    Pedro I que teve a fortuna(sorte) de ser filho de rei e virar monarca no Brasil não teve a virtude(competência) de ser um grande imperador para o seu país. Hoje, temos um presidente que teve a fortuna(sorte) da vitória magnífica de 57 milhões de votos, mas não tem a virtude(competência) para conduzir o país, coloca a culpa nos outros.

    Bom 7 de Setembro a todos!

    Por Genésio Araújo Jr, jornalista

    Email: [email protected]

     

     


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