(Brasília-DF)  Passado uma semana da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em consequência da decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucional a prisão por condenação em segunda instância - o que temos?!

Primeiro, como antevimos, e não temos nenhum dom iluminado, o mundo não acabou. De cara, os parlamentares, tanto na Câmara como no Senado, se movimentaram pressionados que foram pelo ministro Dias Toffoli, ao proclamar a histórica decisão. A semana era atípica. A capital do Brasil, Brasília, foi palco da XI cúpula dos Brics. O Brasil recebeu gente como Xi Jinping, Vladimir Putin, Cyrill Ramaphosa e Narendra Modi tendo Jair Bolsonaro como anfitrião.

Em meio a tudo isso, um grupo de apoiadores de Juan Guaidó, auto intitulado presidente da Venezuela, invadiram a embaixada desse país em Brasilia. O evento Brics foi muito positivo para o Governo Bolsonaro, que mostrou surpreendente maioridade diplomática, seguiu a tendência dos outros governos, sejam eles petistas ou do breve período de Michel Temer.  

Depois tivemos o feriado do Dia da República, ou Proclamação da República, como aprendemos lá atrás. Enquanto isso, tivemos a ida de Lula ao Nordeste, onde é muito popular, independente da chave da cadeia que pegou.  Ele foi a Bahia e depois a Pernambuco, terra onde nasceu.

Não poderiam faltar as espumas(?!) que o mundo bolsonarista gosta de gerar: teve a fala presidencial que tinha se arrependido de escolher outro vice, e não o General Hamilton Mourão; a fala amalucada do ministro da Educação, Abraham Weintraub, questionando a importância da República num show de grande desconhecimento histórico; as decisões do Supremo, sempre ele, no caso do acesso a dados do antigo Coaf, hoje Unidade de Inteligência Financeira, junto com a Procuradoria Geral da República.  Já no finalzinho, no domingo, vimos movimentos em alguns estados contra o Supremo, particularmente contra o ministro Gilmar Mendes.

Se você não percebeu, eu ressalto.  O Presidente Jair Bolsonaro esteve em destaque em quase todos esses movimentos, seja direta ou indiretamente. Quem faz jornalismo político sabe que quem está no poder sempre vai chamar mais atenção em tudo que faça. Isso é o natural, mas nos dias que correm temos um Presidente que ocupa de forma inédita as redes sociais, tem um grande número de apoiadores mobilizados - fica evidente que a presença presidencial se coloca ainda mais forte.

Lula está se reconectando, é bom que se destaque. Ele ainda se prepara para uma agenda nacional. O ex-presidente Michel Temer, que tomou o lugar da indicada de Lula, disse que Lula está errando em fazer um discurso de polarização. Temer não poderia deixar de ser Temer. Ele é o homem do razoável, sempre foi. Lula só irá conseguir acompanhar o rojão Bolsonaro se fizer o contraplano, sempre.  Ficou evidente nesta semana atípica na esfera do poder.

A chegada do fim de ano tende a reduzir as discussões no mundo político. Essa sempre foi a tendência, não só pelo recesso no Congresso, mas os poderosos aproveitam para tirar alguns dias se repouso. A população vive um período de esperanças natalinas e a política é colocada de lado. Não sabemos se mais essa tradição brasileira irá para as calendas, especialmente nesse fim do primeiro ano do Governo Bolsonaro com direito a Lula solto!

A verdade é que, no momento, Bolsonaro está ganhando de goleada, mas esse jogo terá várias partidas.

Por Genésio Araújo Jr. Jornalista

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