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Nordestinas
  • 22/11/2017 08h57

    Antonio Carlos Valadares antes de se licenciar faz discurso salientando as dificuldades da política, porém destacou que os experientes ainda tem espaço

    Confira a íntegra do discurso do senador sergipano
    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    Senador Antonio Carlos Valadares, um dos mais experientes nordestinos e brasleiros

    ( Publicada originalmente às 20h 53 do dia 21/11/2017) 

     

    (Brasília-DF, 22/11/2017) O senador Antonio Carlos Valadares(PSB-SE), um dos mais experientes senadores nordestinos, fez um discurso no início da noite desta terça-feira, 21, destacando a política como atividade humana, os maus políticos e o futuro que teremos pela frente.  Ele deverá se licenciar nesta semana por 120 dias. Ele irá fazer um cirurgia adiada há meses e, na prática, vai aproveitar o Natal, fim de ano e Carnaval para, além de descançar, fazer muita política, ele que não esconde que deseja continuar no Senado Federal. Em 2018, ele terá que renovar seu mandato, pois está no grupo dos 2/3 do Senado que precisará ir às urnas. O outro 1/3 do Senado terá mandato até  2022.  Assumirá o mandato o suplente Elber Batalha de Goes, juiz aposentado e nome histórico do PSB.

    “Há uma crise no Brasil de descrédito quase que generalizado quanto à atuação de nossos agentes públicos, de nossos políticos, da nossa classe política. Parece que a população já tomou consciência de que campanhas políticas, de onde nascem as promessas, e a realidade depois da posse são coisas muito diferentes. Esse descrédito é tão elevado, tão acentuado, Sr. Presidente, que as pesquisas às quais eu tive acesso, algumas delas publicadas, mostram de forma muito clara que o eleitor brasileiro está descrente: mais de 60%, chegando a até 70% dos que são pesquisados, dizem que não querem votar e simplesmente não respondem à pergunta sobre o candidato ali posto na pesquisa.”, disse, inicialmente.

    Ele não escondeu seu pessimismo e disse que teme que muitos mandatos sejam comprado no lugar de serem conquistados.

    “Boa parte dos mandatos será comprada infelizmente e veremos algumas poucas investigações que irão a fundo e chegarão a bom termo.”, disse.

    Ele salientou que a população quer o novo, porém vai saber respeitar os trabalhos sérios dos mais antigos.

    “O povo sempre está atrás do novo, de um novo projeto, de um novo programa, mas não repudia os mais velhos que surjam com novas ideias para tirá-lo do sufoco e da decepção em que vive.

    A longevidade bem-sucedida, que avança e acompanha a modernidade, é uma fonte segura de renovação de métodos e ações. A renovação é um estado de espírito que é sempre bem-vinda ao aperfeiçoamento da democracia, e ela, a renovação, se encontra numa sociedade sem preconceitos, na cabeça de pessoas de todas as idades, e dos que lutam para melhorar a vida do povo.”, disse

    Confira a íntegra do discurso do senador sergipano:

     

    O SR. PRESIDENTE (Cássio Cunha Lima. Bloco Social Democrata/PSDB - PB) – Com a palavra o Senador Antonio Carlos Valadares, que é o próximo orador inscrito. Na sequência, ouviremos a Senadora Marta Suplicy.

    Senador Valadares, tem V. Exª o tempo regimental.

    O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no próximo ano o Brasil estará realizando mais uma eleição. Em 2018, estaremos elegendo um novo Presidente da República, novos governadores, Deputados Federais, estaduais e Senadores. Eu poderia perguntar, como muitos que estão me ouvindo, quem vencerá as eleições de 2018. Será a mentira? O populismo? A demagogia? O poder econômico? A experiência? A modernidade? O novo? O centro? A direita ou a esquerda? O povo sofrido do Brasil, em meio a tantas dúvidas e decepções, será mais uma vez o juiz para decidir, com o seu voto, os destinos da Nação.

    Há uma crise no Brasil de descrédito quase que generalizado quanto à atuação de nossos agentes públicos, de nossos políticos, da nossa classe política. Parece que a população já tomou consciência de que campanhas políticas, de onde nascem as promessas, e a realidade depois da posse são coisas muito diferentes. Esse descrédito é tão elevado, tão acentuado, Sr. Presidente, que as pesquisas às quais eu tive acesso, algumas delas publicadas, mostram de forma muito clara que o eleitor brasileiro está descrente: mais de 60%, chegando a até 70% dos que são pesquisados, dizem que não querem votar e simplesmente não respondem à pergunta sobre o candidato ali posto na pesquisa.

    Condutas e ações, infelizmente, na prática se invertem. É como se fosse natural fazer um discurso floreado na campanha e, após o pleito, um outro discurso, amargo, carregado de espinhos. As intenções se ocultam na campanha, e os postulantes a cargos eletivos usam uma linguagem enigmática, o mais das vezes recheada com pitadas de emoção e de engodo, pouco assimilável pelo eleitor, já se preparando o candidato, manhosamente, para desdizer o que disse durante o pleito eleitoral. Que tristeza! Mesmo antes da posse o candidato vitorioso dá os primeiros sinais de que não vai mais cumprir e rompe, sem a menor cerimônia, os compromissos assumidos. Ele tem a esperança de que, lá na frente, vai contornar tudo com cargos e vantagens para atrair lideranças da oposição no Legislativo, cuja maioria acha que não sobrevive sem marchar com o governo, e obras nos bairros para alegrar os seus habitantes, como também nas cidades que eles representam.

    Já os eleitores, coitados, que votaram acreditando nas promessas, sentem-se como se tivessem sido vítimas de uma fraude eleitoral ou de uma tramoia política para conquistar os seus votos.

    Tenho batido nessa tecla, Sr. Presidente, porque considero que esse modelo enganador – que se apoia na mentira, na compra dissimulada ou mesmo escancarada de votos, e no ataque sem tréguas ao adversário que pode lhe tirar a eleição – representa a negação da política, uma contrafação da democracia, um golpe covarde e oportunista contra um eleitorado que, em sua maioria, vota de boa-fé, acreditando naquela plataforma que afinal se revelou uma rotunda falsidade.

    Mas, seja pela informação política instantânea nas redes sociais, seja pelo acompanhamento permanente das ações da gestão, seja pela transparência que passou a ser lei, facilitando ao grande público a crítica e a cobrança, realmente ficou um tanto mais difícil.

    Sem falar que a Imprensa está mais vigilante, inserindo-se como protagonista de uma era que exige firmeza e coragem, reforçando o jornalismo investigativo, deixando, quase sempre, gestores públicos em situação de permanente alerta e precaução.

    Desse modo, a democracia se torna mais viva e atuante, fortalecendo o elo entre governantes e governados.

    É bom acentuar que não vivemos num mundo de santos, notadamente no mundo da disputa política, que se manifesta de várias formas: no pecado, na inconsequência, na coragem, no ideal ou na pureza.

    Além da demagogia e do populismo, ressurge, driblando e desafiando a Justiça Eleitoral, a influência do poder econômico nas eleições. Apesar da proibição do uso de dinheiro privado, será o caixa 2 mais uma vez protagonista da fraude oculta em benefício dos candidatos mais ricos. Aí está uma legislação permissiva, que não estabeleceu limites de gastos para os candidatos milionários. Quem não sabe da influência nefasta dos endinheirados, que já são considerados eleitos por antecipação, em virtude de oferta de dinheiro por fora que corre à solta no interior e até mesmo na capital?

    Boa parte dos mandatos será comprada infelizmente e veremos algumas poucas investigações que irão a fundo e chegarão a bom termo.

    Mudando de assunto, devo assinalar que o fracasso da gestão administrativa que quase se vulgarizou em todos os rincões do Brasil, deve-se em grande parte a defeitos que se eternizam na estrutura do aparelho de Estado. Seria preciso uma reforma introduzindo novos eixos que assegurem o cumprimento das funções essenciais de Estado, como a aplicação de políticas públicas de segurança, saúde e educação, e a construção de redes de proteção social em caráter permanente com o objetivo de reduzir as desigualdades entre pessoas e as disparidades entre regiões e Estados federados.

    As garantias dos meios de sobrevivência da população não se traduzem apenas na preocupação com índices de emprego. A ocupação de vagas no mercado de trabalho deve ser uma luta constante de governos e da sociedade civil, mas não se resume a isso.

    Há diversos fatores que contribuem para a desconfiança em relação a governos e instituições. Aponto alguns desses: a violência reinante em nosso País e a superlotação nas prisões, que traduzem a fragilidade das políticas de segurança e do sistema prisional, a falta de compreensão das autoridades no combate às drogas, ao não assumirem, em relação ao usuário, uma atitude consciente de tratá-lo como um doente, facilitando-lhe o acesso ao sistema de saúde; a enxurrada de partidos políticos sobrevivendo às custas do fundo partidário, abastecido com dinheiro do contribuinte, e participando do toma-lá-dá-cá com o governo; o acúmulo de processos e a morosidade da Justiça; a corrupção que se tornou endêmica, aumentando o descrédito da classe política; a concentração da maior parte da arrecadação nas mãos da União, em detrimento dos Estados e Municípios, que atingiram o patamar perigoso de quase absoluta insolvência, exigindo uma reforma tributária para redução da carga e para dividir com equidade os impostos pagos pelo povo brasileiro.

    Em 2018, o eleitor será influenciado, por certo, pela propaganda política. Todavia, o eleitor, levado por tantas tentativas frustradas de votos errados ou equivocados, poderá levar em conta dessa vez não apenas a garantia de sucesso administrativo a ser prometido nas campanhas eleitorais em todo o nosso País.

    O eleitor, espero, vai pesar a experiência do candidato, a sua honestidade e a sua capacidade de inovação e criatividade. O eleitor está pensativo e desconfiado. Aqueles que conseguirem transmitir uma mensagem de concretude que possa convencer almas e corações, para resolver as coisas aparentemente complexas como a segurança pública, saúde, educação e emprego, e souberem se colocar no lugar do povo, que sofre as consequências da corrupção, da irresponsabilidade e da má gestão, serão os escolhidos para o novo tempo que está por vir.

    O povo sempre está atrás do novo, de um novo projeto, de um novo programa, mas não repudia os mais velhos que surjam com novas ideias para tirá-lo do sufoco e da decepção em que vive.

    A longevidade bem-sucedida, que avança e acompanha a modernidade, é uma fonte segura de renovação de métodos e ações. A renovação é um estado de espírito que é sempre bem-vinda ao aperfeiçoamento da democracia, e ela, a renovação, se encontra numa sociedade sem preconceitos, na cabeça de pessoas de todas as idades, e dos que lutam para melhorar a vida do povo.

    Sr. Presidente, eu teria outro pronunciamento a fazer, mas, em consideração à próxima oradora, a Senadora Suplicy, eu pedirei a V. Exª que aceite como lidos os pronunciamentos que entregarei às mãos de V. Exª.

    Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.

    ( da redação com informações da taquigrafia do Senado. Edição: Genésio Araújo Jr)

     


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