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Nordestinas
  • 25/05/2017 09h10

    Preterido de encontro, Renan Calheiros diz que não pediu renúncia de Temer, PMDB não é departamento do Governo e defende que Congresso Nacional encontre saída para a crise

    Ele voltou a dizer que o Planalto é chantageado por um presidiário
    Foto: agência Senado e André Oliveira, especial para a Política Real

    Renan Calheiros em fala no plenário do Senado

    ( Publicada originalmente às 19h 40 do dia 24/05/2017) 

     

    (Brasília-DF, 25/05/2017)  Depois de ser excluído de um encontro com o Presidente  Michel Temer com os senadores do PMDB no Planalto, hoje, o senador Renan Calheiros(PMDB-AL), líder do partido no Senado, disse que a Imprensa errou e que ele não teria pedido a renúncia do Presidente da República.

    Ele insistiu que não pediu a renúncia do chefe de Governo, porém fez críticas ao Planalto, dizendo que o PMDB não é departamento do Governo, fustigou o presidente do partido, o senador Romero Jucá, voltou a dizer que o ex-deputado Eduardo Cunha chantageva o Presidente Temer. Ele nega a renúncia de Temer, porém diz que o Congresso Nacional tem que encontrar uma saída para crise.  Ele sugere que o Congresso Nacional encontre uma solução, num indicativo de encontrar um nome para suceder Temer.  Com a saída do Presidente, a chamada vacância, o Congresso Nacional, segundo a Constituição Federal, faz a escolha por eleição interna do sucessor até as eleições de 2018.

    Waldemir Moka(PMDB-MS) se desentendeu com Renan Calheiros no plenário do Senado

    Confira os melhores momentos do discurso do senador alagoano:

    Ele disse que não pediu a renúncia de Temer.

    “A Imprensa, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que por força da tecnologia faz o noticiário muito apressado estampou nas manchetes que eu tinha pedido a renúncia do Presidente da República. Eu nunca pedi renúncia do Presidente da República. Eu pedi que o Presidente da República compreenda o seu papel e construa uma solução para o Brasil”, disse

    Ele afirmou que o Congresso não vai segurar ninguém

    “Ninguém vai segurar ninguém, ninguém vai segurar ninguém, mas um Governo com essa rejeição não pode pretender que vai transferir o seu problema para o Congresso Nacional, que vai impor uma reforma que a sociedade acha que é demais, é exagerada. O Brasil precisa de reformas.”, disse.

    Numa referência ao Presidente do PMDB, Romero Jucá, ele disse que o PMDB não é um departamento do Governo.

    “O PMDB, Presidente Romero Jucá, o PMDB não é um departamento do Executivo, o PMDB não é um subproduto do Governo, o PMDB é um partido político. Coincidentemente tem, lá na Presidência da República um filiado do PMDB,mas isso não significa dizer que o PMDB vai aceitar sem discutir toda imposição do Palácio do Planalto.”, disse.

    CHANTAGEM

    Mexendo novamente com o Planalto, ele afirmou, novamente,  que o Governo estaria sendo chantageado por um presidiário, numa referência ao ex-deputado Eduardo Cunha.

    “E inadmissível, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que um governo chantageado publicamente, que não tem noção do que pode e do que não pode fazer, continue a ser pautado por um presidiário, inclusive na nomeação de um ministro da justiça. Isso não pode acontecer”, disse.

    Ele sugere que o Congresso Nacional tem que encontrar uma solução para a crise numa alusão a uma possível renúncia do Presidente Temer, apesar de insistir que não defende a renúncia.

    “E nós, fala o bom senso, precisamos construir caminhos, saídas. Eu não sei se a renúncia do Presidente é solução. Nunca defendi renúncia. Renúncia é um gesto unilateral, é ele que tem de decidir o que vai fazer. Mas cabe ao Congresso Nacional uma participação responsável, criteriosa, na construção de uma solução para o Brasil.”,finalizou.

    Veja a íntrega da fala do senador Renan Calheiros:

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – Ou que vai dar errado porque o Legislativo não quer colaborar. O Governo Michel Temer vai dar certo ou vai dar errado pelos seus atos, pelos seus gestos, pelos seus encaminhamentos, e não por causa do Legislativo. Não por causa do Legislativo.

    Então, trazer ontem, inesperadamente, sem combinar com ninguém, o parecer, sendo que o Relator havia anunciado que só traria depois da solução da crise, para ser empurrado goela da Nação abaixo, o povo, com a percepção de que reforma trabalhista, reforma previdenciária, terceirização geral, inclusive da atividade-fim, é uma coisa só e é algo que está sendo produzido para ferrá-lo, é evidente, Sr. Presidente, por mais...

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – ... que não queiramos, o peso e o contrapeso do Montesquieu nos obrigavam a interpretar isso. Na hora em que você impõe uma circunstância cuja correlação da sociedade não aguenta mais, o que é que a população vai fazer? Vai reagir. E reagiu. E reagirá muito mais nesse período para o qual o Presidente da República está chamando o Exército.

    Eu entendo que o Congresso Nacional e esta Casa também têm uma responsabilidade muito grande. A Imprensa, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que por força da tecnologia faz o noticiário muito apressado estampou nas manchetes que eu tinha pedido a renúncia do Presidente da República. Eu nunca pedi renúncia do Presidente da República; eu pedi...

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – Eu pedi que o Presidente da República compreenda o seu papel e construa uma solução para o Brasil. Esta solução está sendo cobrada à política há três anos, há três anos e a política não consegue entregá-la como uma solução institucional.

    Ninguém vai segurar ninguém, ninguém vai segurar ninguém, mas um Governo com essa rejeição não pode pretender que vai transferir o seu problema para o Congresso Nacional, que vai impor uma reforma que a sociedade acha que é demais, é exagerada. O Brasil precisa de reformas. Santiago Dantas já dizia que o Parlamento se faz para atualizar as leis. O ideal era que as leis não precisassem ser atualizadas, elas envelhecessem com o tempo, mas não é assim. De quando em quando nós temos que atualizar as leis, temos que atualizar as leis. Então nós temos que fazer essas reformas, todas essas reformas que estão aí. Mas numa outra perspectiva, não na perspectiva de ferrar o trabalhador.

    Nós temos que mudar o sistema tributário, nós temos que taxar o capital, nós temos que definir regras e regulamentações que ainda precisam ser definidas mas não pode se fazer assim goela abaixo e o PMDB, Presidente Romero Jucá, o PMDB não é um departamento do Executivo, o PMDB não é um subproduto do Governo, o PMDB é um partido político. Coincidentemente tem, lá na Presidência da República um filiado do PMDB,...

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – ...mas isso não significa dizer que o PMDB vai aceitar sem discutir toda imposição do Palácio do Planalto. A votação que referem, para dizer do meu isolamento na Bancada, ela foi de três a dois, refletindo a correlação. Três Senadores votaram contra a reforma...A favor da reforma, a favor do requerimento e dois Senadores votaram contra a reforma e contra o requerimento. É essa a correlação existente na nossa Bancada.

    O Presidente Temer, outro dia, ele destituiu a Senadora Rose de Freitas, não da Liderança do PMDB; ele destituiu a Senadora Rose da Liderança do Governo e ele pode fazê-lo quantas vezes quiser, quantas vezes desejadr, mas como o PMDB não.

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – Qualquer coisa com o PMDB tem que ser discutida na Bancada.

    Eu hoje iria novamente, como fui na semana anterior, com a Bancada conversar com o Presidente e ia fazer as mesmas advertências que fiz em todas as conversas com o Presidente da República. Ia dizer novamente, lembrar que, na desmobilização do Carnaval, quando nós voltamos para Brasília, deparamos com o seguinte quadro: Osmar Serraglio, Ministro da Justiça, e a remontagem da correlação do Centrão na Câmara dos Deputados. Eu até reclamei do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Eu disse assim: "Rodrigo, você acabou de derrotar essa gente e agora recompõe para ajudar o Governo?"

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – Mas ele também não entendia a circunstância nem a gravidade do momento, estava um pouco aquém do Mazzilli naquele momento de 1964 – estava um pouco aquém – porque ele fez exatamente o que o Governo queria que ele fizesse.

    E eu disse ao Presidente da República e depois falei para o seu entorno: "Olha, Presidente da República Michel, você pode receber o Deputado Marun em qualquer circunstância. Estou dizendo isso com a responsabilidade de quem se preocupa com a instituição que você representa hoje. Estou dizendo isso com a responsabilidade de quem, como seu amigo, entende que precisa protegê-lo e proteger a cadeira em que você está sentado agora. Você pode receber o Deputado Marun em qualquer circunstância. Pode botar o Marun como Presidente da Comissão da Previdência, pode botar o Marun – não pude fazer isso – para fazer a sua defesa na Ordem dos Advogados do Brasil. A única coisa, Presidente, que você não pode fazer é receber o Marun como enviado de Curitiba, para nomear o Ministro da Justiça. Isso não vai a lugar nenhum, a lugar nenhum!"

    O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) – Porque, é inadmissível, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que um governo chantageado publicamente, que não tem noção do que pode e do que não pode fazer, continue a ser pautado por um presidiário, inclusive na nomeação de um ministro da justiça. Isso não pode acontecer.

    E nós, fala o bom senso, precisamos construir caminhos, saídas. Eu não sei se a renúncia do Presidente é solução. Nunca defendi renúncia. Renúncia é um gesto unilateral, é ele que tem de decidir o que vai fazer. Mas cabe ao Congresso Nacional uma participação responsável, criteriosa, na construção de uma solução para o Brasil. É isso que há três anos está sendo cobrado de todos nós. E, se nós não tivermos condições para entregar essa saída, essa solução, aí, com Auro de Moura Andrade, com Mazzilli, com comandante, seja com quem for, eles vão, no esgarçamento da crise, recorrer aos mecanismos que nós aprovamos na nossa Constituição. E o Brasil não pode ficar entregue a essa irresponsabilidade, a essa insensatez. E este Congresso Nacional não pode ser cúmplice. O Congresso não tem nada a ver com isso. Nós temos é que, nos limites da Constituição, com responsabilidade, defender os objetivos permanentes do nosso País.

    Muito obrigado.

    ( da redação com informações da taquigrafia do Senado. Edição: Genésio Araújo Jr) 


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