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Nordeste em Manchete
  • 13/08/2016 09h13

    ESPECIAL - Negócio da China: cassação de Cunha fica para depois da passagem de Rodrigo Maia pelo Planalto, no lugar de Temer

    Um jogo político envolve os atuais detentores e antigos da Câmara dos Deputados e do Palácio do Planalto
    Montagem Glauber Calland/ Política Real

    Negócio da China na Política de Brasilia?

    (Brasília-DF, 13/08/2016) O que tem a ver a cassação do mandato parlamentar do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiada por quase um mês pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o julgamento final do impeachment da presidente da República afastada Dilma Rousseff (PT), e a viagem à China do presidente da República em exercício, Michel Temer?

    Tem tudo a ver. As cartas deste baralho político parecem de naipes diferentes,  mas o jogo é um verdadeiro “negócio da China” – onde só lado sai ganhando, com vantagens. O jogo parece complicado, emaranhado em  fatos e as datas: a cassação de Eduardo Cunha depende da decisão de Rodrigo Maia (e aliados), que por sua vez depende de Michel Temer, que depende de Dilma Rousseff.

    Em outras palavras: Cunha só será cassado por volta do dia 12 de setembro, depois que Maia assumir interinamente a Presidência da República, a partir do dia 30 de agosto até 04 de setembro, no lugar de Temer, que nesse período estará na China participando da reunião do G20 - grupo formado por 19 países de economias mais desenvolvidas do mundo, além da União Europeia.

    Temer, que já está interino na Presidência da República desde o dia 12 de maio, não se ausentará do País até que seja concluído o julgamento do processo de impeachment de Dilma, marcado para iniciar dia 25, devendo se estender até o dia 29 deste mês.

    Pressão dos 2 lados

    Desde o 1] de agosto, quando do retorno dos trabalhos legislativos, Rodrigo Maia vem sendo foi pressionado pelos dois lados para dar uma reposta sobre a votação da cassação do peemedebista carioca.

    Líderes de partidos da antiga base governista e hoje na oposição pediam a definição já de uma data e votação do processo, no Plenário da Câmara. Líderes da antiga oposição e agora na base do governo, além do próprio Palácio do Planalto, pediam “segurar” um pouco mais, até conclusão do impeachment.

    Nessa queda de braço, Maia cedeu à pressão do segundo gruipo, e definiu na noite da quarta-feira, 10, a votação da cassação de Cunha para o dia 12 de setembro – mais de um mês.

    Argumentos do adiamento

    Os argumentos para tão longo prazo foram muitos e não convenceram os oposicionistas, que tentam adiar a cassação para o dia 24 deste mês.

    O primeiro arnmento: na semana de 15 a19 (a próxima), Maia disse que não terá sessão plenária por conta do inicio das campanhas eleitorais, que começam dia 16, e que não teria quórum alto para votar a cassação – para o processo ser aprovado são necessários 257 votos.

    O segundo argumento: a semana 22 a 16, é para votação de matérias pendentes, como os destaques que faltam do projeto de renegociação das dívidas dos Estados coma União, o projeto que traz novas regras de exploração do Pré-sal, dentre outros.

    Waldir Maranhão de novo?

    De 25 a 29 o Congresso estará envolto com o julgamento final de Dilma, no Senado Federal, em sessão que será comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Ela sendo afastada definitivamente, Michel Temer assume também de forma definitiva a Presidência da República.

    Reafirmado no cargo até 31 de dezembro de 2018, Temer aí sim, vai se ausentar do País - viajará para a reunião do G20 na China. Pela linha sucessória, assume o Palácio do Planalto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

    Tudo ocorrendo dentro desse script, nesse período a Câmara passará a ser presidida, novamente, pelo 1º Vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA). Segundo a maioria dos deputados, pelas suas posições não tão confiáveis, já demonstradas entre maio e julho deste ano, a base não aceita que Maranhão comande uma sessão considerada de grande importância para a história do Parlamento, que é a cassação de um ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha – do qual, também é um aliado.

    Viagem à China

    Dias 4 e 5 de setembro Michel Temer participará da Cúpula de Líderes do G20 – que reúne representantes de governos das principais economias do mundo. São 19 países de economias mais desenvolvidas do Planeta, além da União Europeia.

    Temer ainda recebeu convite do embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, para se reunir em setembro com o presidente chinês, Xi Jinping.

    Haverá encontro de ministros de Comércio do G20, a Reunião de Ministros de Agricultura do G20 e de outras áreas.  Temer também pretende assinar documento de cooperação de comércio e serviços.  Contudo, ainda não confirmou a viagem, que fará somente no final do mês.

    A expressão

    A expressão “Negócio da China” foi criada durante o século 19, época em que a Inglaterra dominou o comércio de ópio na China. A concessão de Hong Kong à Inglaterra após a Guerra do Ópio deu uma conotação ainda mais clara à expressão. Afinal, além de se compensarem por uma guerra que injustamente provocaram, os ingleses abocanharam parte do território chinês transformando-o numa ponta de lança permanente do Império Britânico na região. Com a revolução chinesa, ”negócio da China” passou a designar toda e qualquer relação comercial proveitosa apenas para uma das partes.

    (Por Gil Maranhão – Agência de Notícias Política Real. Edição: Genésio Jr.)


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