( Publicada originalmente às 21h 45 do dia 12/09/2019) 

(Brasília-DF, 13/09/2019) Nós últimos dias do término do mandato de Raquel Dodge à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), uma comitiva de vários deputados e senadores do PT foram  à sede do Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira, 12, para pedir que ela que avalie a abertura de investigações contra o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a alguns procuradores da operação Lava Jato.

O líder da legenda na Câmara, Paulo Pimenta (RS), chegou a fazer um afago para a chefe da PGR escolhida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). “Essa audiência foi uma audiência que nós consideramos muito importante. A procuradora Raquel Dodge conclui seu mandato na próxima semana, mas nós fizemos questão de dizer a ela que para nós, ela é a procuradora-geral – em pleno exercício das suas funções – até o último dia de seu mandato”, falou.

“E, por iniciativa da bancada na Câmara, do Senado, por iniciativas conjuntas [com parlamentares de outros partidos como com a senadora Zenaide Maia (PROS-RN), o fato é que nós temos no último período uma série de representações que foram apresentadas no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na PGR, no Supremo Tribunal Federal e que envolvem condutas dos procuradores no âmbito da chamada operação Lava Jato”, emendou.

Lula

A visita, segundo ele, serviu para mostrar que o PT apresentou nesta quinta=feira,12, mais uma ação no Supremo tribunal Federal (STF), uma queixa-crime, onde pede a criminalização do ministro Moro pelas interceptações – que teriam tido edições manipuladas – nas conversas telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Essas denúncias que nós apresentamos, essas representações que nós fizemos, elas permitem uma investigação, independente do conteúdo das mensagens divulgadas pelo [site] Intercept. O que nós trouxemos aqui são elementos e fatos que demonstram, de maneira inequívoca, que uma parte do Ministério Público acabou atuando neste último período em descompasso das próprias prerrogativas e atribuições definidas pela Constituição de 1988”, complementou Pimenta.

“Anunciamos que estamos entrando hoje com uma queixa-crime no STF contra a conduta, e aí envolve não só os procuradores – mas o próprio ex-juiz Sérgio Moro, no episódio que envolveu a interceptação telefônica do presidente Lula na manipulação seletiva que foi feita da escolha das degravações que foram encaminhadas à época ao ministro Gilmar Mendes, que foi quem tratou da liminar que impediu o presidente Lula assumisse como ministro da Casa Civil”, completou.

“Esse episódio tem profundas marcas [de ataques] na democracia brasileira e existe um conjunto de indícios que mostram uma criminosa [ação] de procuradores e do juiz para manipular o STF e, talvez, sem aquele episódio, jamais o impeachment da presidente Dilma teria ocorrido e jamais o Brasil estaria entregue a essa verdadeira quadrilha de milicianos que governam o nosso Brasil”, destacou.

Nova denúncia

O senador e líder do PT na Casa da Federação, Humberto Costa (PE), informou ainda que a legenda quer também que o MPF apure uma denúncia que chegou ao partido por integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU) de que vários registros da Receita Federal que apontariam ilícitos que incensaram as apurações da operação lava Jato estão sendo apagadas.

“Eu queria também comunicar que informamos a procuradora-geral da República que estamos entrando com uma representação junto ao Supremo para impedir que aconteça algo e que foi objeto de uma denúncia que nós recebemos de membros do próprio TCU, que é uma ação envolvida dentro da Receita Federal, para eliminar registros e ações ilegais que foram feitas especialmente no início da operação Lava Jato de solicitações de investigações sobre empresas, cidadãos e cidadãs integrantes de outros poderes”, comentou o petista pernambucano.

“Segundo a denúncia que nós recebemos, vem sendo apagados destes registros os rastros e, certamente, se a identificação for feita da maneira adequada, haverá também a identificação de muitos destes integrantes do Ministério Público e, quiçá, do ex-juiz Sérgio Moro. E ela [Dodge] disse que se chegar até ela essa demanda do Supremo para o funcionamento do Ministério Público, ela procurará agilizar esse posicionamento. Enfim, cumprimos aqui com a nossa responsabilidade de cobrar tudo aquilo que ao longo deste período, nós encaminhamos e fizemos os processos para a Procuradoria”, finalizou Humberto Costa.

(por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)