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  • Contato Brasil, 19 de abril de 2024 03:14:49
Jorge Henrique Cartaxo
  • 03/07/2019 18h06

    Sombra sobre a Nação

    Faz parte, também, do nosso silêncio cínico, o reconhecimento do estrondoso fracasso dos herdeiros da redemocratização de 1984

    A ilustração é o quadro do Candido Portinari - A menina morta( Arquivo do colunista)

    Cultivamos fantasias e ficções convenientes.  A mais recente é a de que vivemos numa democracia estável, onde nossas instituições funcionam nos termos de nossa Constituição. Mentira! Na verdade, nossa história tem sido uma grande e extravagante fraude. Quando muito, conduzimos de forma criminosa uma nação em permanente precariedade e absolutamente dissociada do que há de virtuoso no chamado mundo moderno e o que seu futuro anuncia ou sugere. Como já nos advertia o sempre espirituoso Nelson Rodrigues:  o Brasil é um feriado!

    Faz parte, também, do nosso silêncio cínico, o reconhecimento do estrondoso fracasso dos herdeiros da redemocratização de 1984. Depois de 20 anos de governos autoritários – 1964/1984 -, repletos de equívocos, crimes e erros, a sociedade civil, liderada por Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, seguidos por uma meia dúzia de arrivistas autoproclamados esquerdistas e titulares da propriedade da virtude, retoma o controle do Estado e dos destinos da Nação. Trinta e cinco anos depois da emocionante eleição de Tancredo Neves à presidência da República, o País parece mais um lixão e  seus odores com os quais  empesteamos  a Nação.

    Nenhuma das instituições funciona verdadeiramente. O Congresso é uma decadente casa de negócios. O chefe do Poder Executivo, Jair Bolsonaro, é um homem visivelmente desqualificado e fora do lugar. O Supremo Tribunal Federal, crescentemente repudiado pelos brasileiros, parece se preocupar mais em livrar a cara de delinquentes engravatados do que em zelar pela nossa Constituição.

    Antes de apontar os culpados e os gestores das farsas de cada quadra, cabe a pergunta: como chegamos até aqui? Como conseguimos destruir os sonhos,  as expectativas, a vida social e urbana  de uma Nação inteira? Como conseguimos passar 35 anos desumanizando todas as cidades brasileiras, todas as lindas capitais que um dia tivemos? Onde estão nossos grandes músicos, poetas, atores e atrizes, nossos cidadão elogiáveis por estilo e cultura? Mesmo acanhados, havia modos nos brasileiros! Enfim, para onde olhamos – escolas, hospitais, universidades, transporte, estradas, portos e aeroportos – tudo é precário e insuficiente. E nada sugere que vamos melhorar!

    E o mais grave: a sociedade brasileira está cindida  numa violência até então desconhecida, pelo menos nesses moldes. E não há palavras ou gestos que indiquem que podemos nos reunificar em torno de um espaço civilizatório desejável. Sim, tristes trópicos!

     

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