(Brasília-DF) Desde aquele 17 de maio de 2017, que foi o pior dia do Governo Temer – quando foi revelado que houve uma conversa nada republicana entre o Presidente da República e o empresário Joesley Batista - deveremos ter a mais semana difícil para a vida pública brasileira. Não será só para o Chefe de Governo e aqueles que o apoiam, mas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que representa, na prática, o outro lado.

A divulgação de que o áudio da conversa entre Temer e Joesley não teria edições faz a contagem regressiva para as denúncias contra o Presidente da República se estabelecer como factível, agora temos a matemática dos dias e poderá chegar antes do dia de São Pedro. 

A semana começa – depois do fiasco que foi a viagem presidencial à Rússia-Noruega - com o Governo Temer tentando, mais uma vez, tocar seu barco. Haverá dois ou três momentos de demonstração de máquinas fazendo ruídos, funcionando.  O Governo deverá comemorar a Lei das Estatais e seus efeitos, deverá apresentar um novo perfil do Fies(financiamento estudantil) e mostrará um Bolsa Família mais dinâmico e reajustado. Em meio a isso, os membros do Ministério Público Federal vão escolher a lista tríplice para suceder o PGR, Rodrigo Janot. 

Enquanto isso se dá, tanto Câmara como o Senado vão se movimentando. Acabou a farra que tudo justificava com as festas de São João. A Câmara Federal se dedicará às Medidas Provisórias. Todo mundo vai estar na Capital Federal. O Senado vai ter que lidar com o fator Aécio Neves e com o início da discussão do acordão da Reforma Política com a apresentação da “PEC Fundão”, que teria tido apoio da maioria dos presidentes dos maiores partidos políticos.  Sem contar o debate na Comissão de Constituição e Justiça(CCJ), do Senado, em torno da Reforma Trabalhista que poderá gerar surpresas!

Os petistas que estavam comemorando as grandes dificuldades de Michel Temer como se nada tivessem a ver com o caos econômico, social e político que já existia bem antes, vão se pintar de guerra para defender a sua maior liderança, Lula. A notícia de que ele deverá ser condenado a 22 anos de cadeia é o pior dos mundos.  Os petistas são craques em fazer oposição e vão tentar fazer um pouco de tudo. Esticar, o que já nem precisa, os problemas de Temer e defender Lula. Vão contrapor com a folga momentânea que o senador afastado Aécio Neves vem tendo por parte do Judiciário e dos políticos do PMDB, enquanto Lula se aproxima de sua primeira condenação no âmbito da Lava Jato.

O Judiciário vai continuar em destaque, apesar desse avalanche de eventos e situações que se apresentam. Fazia tempo que não tínhamos uma véspera de São Pedro tão intensa.  Não podermos esquecer que ainda faltam 4 ministros do Supremo Tribunal Federal para se manifestarem sobre a manutenção da relatoria do caso JBS no âmbito da Lava Jato, tocada pelo Ministro Luiz Edson Fachin.

Não custa lembrar que São Pedro é aquele personagem bíblico, para os culturais, que fundou a Igreja Católica, foi o primeiro Papa - é visto como a base do mundo concreto na formação da cultura cristã.  Para os mais religiosos, é natural lembrar que Pedro é aquele que negou Jesus Cristo por três vezes e era o seu mais fiel escudeiro, os das palavras de ordem.

Nada mais contraditório, passional, cultural, racional e polêmico. E que venha logo São Pedro!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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