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Genésio Jr.
  • 14/05/2017 13h27

    Éramos só um butim de votos?

    Durantes anos acompanhei os coordenadores da Bancada do Nordeste reclamarem do tamanho dos investimentos do BNDES no Nordeste.

    BNDES e JBS: houve crime? ( foto: montagem internet)

    (Brasília-DF)  Na histórica semana em que um ex-presidente da República teve que depor a um juiz singular e natural, que por si só já seria mais que um acontecido, mais, um advento , pois não toda democracia recente que administra tão bem algo parecido - houve as revelações dos vídeos das delações de João Santana e Mônica Moura.

    Mais coisas vieram, como a notícia de que o ex-deputado e ex-ministro Antônio Palocci, o centro do equilíbrio econômico dos governos Lula e, parte fundamental, do melhor do primeiro governo Dilma – irá, efetivamente, fazer uma delação premiada.

    Não restam dúvidas que são aterradoras as imagens do casal de publicitários e marqueteiros. Muito se pode, e se deve, falar dessas revelações, que são contraditadas pelas defesas dos citados. Algumas delas merecem um capítulo especial, porém vou me deter hoje no tamanho dos efeitos da Operação Bullish que impôs aos irmãos mentores da JBS investigações de fraudes e irregularidades em empréstimos no valor de R$ 8,1 bilhões, no período entre 2007 a 2011, concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio do BNDESpar, braço de participações.

    Durantes anos, acompanhei os coordenadores da Bancada do Nordeste reclamarem do tamanho dos investimentos do BNDES no Nordeste. Naquela época, ainda no primeiro mandato de Lula, alertava-se, e isso pode ser visto nos arquivos dos sites Política Real e Bancada do Nordeste, entre outros voltados a desenvolvimento regional - que só a Embraer ficava com o que se investia no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.  O Nordeste não atingia nem 12% do total de investimentos do BNDES.

    Naqueles anos e nos outros se que seguiram, até hoje, os bancos de desenvolvimento regionais, como o BNB e o Basa, nunca foram os preferidos para funcionar como parceiros do BNDES no Nordeste e Norte.  Agentes dos governos Lula e Dilma diziam, entredentes e pedantes, que os bancos regionais não eram ágeis para tanto. Uma falácia, pois vimos o BNDES elevar sua participação no Norte e Nordeste quando assim quis, especialmente nos anos preparatórios dos grandes eventos de 2010 e 2014.

    Ao Nordeste eram ofertados, naqueles anos,  recursos para os mais humildes, os que estavam alijados do ciclo econômico, especialmente, normatização dos programas sociais, com destaque para o Bolsa Família e o Pronaf. A maior parte da população nordestina já não está mais no campo, com exceção do Maranhão, que tem a maior população rural no Nordeste e uma das maiores do país.

    Os indicativos de que a opção pelos chamados campeões nacionais(fortalecimento de grandes empresas) têm, ao menos, indícios de um favorecimento criminoso, são mais um momento que confirmam que há razões de sobra para desconfiar do modelo que foi montado.

    O tempo e o vento nos assenhoram de nossos caminhos. Não resta dúvida que foi muito importante para o país, e o Nordeste como um todo, a normatização e unificação dos programas sociais - a Organização das Nações Unidas(ONU) e muitas universidades pelo Mundo assim reconhecem, porém a Operação Bullish pode nos impregnar com um questionamento: por que não foi escolhida alguma das nossas empresas para funcionar como campeão nacional!?

    Só servíamos para funcionar como butim de votos?!  Uma provocação.

    Por Genésio Araújo Jr, jornalista

    Email: [email protected]

     


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