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Misto Brasília - Por Gilmar Correa
  • 10/10/2016 10h22

    A casta privilegiada do serviço público

    Donos de cartórios e seis profissionais da área pública são recordistas em rendas no Brasil

    Quem não lembra daquela velha imagem de um cidadão carimbando papéis e papéis numa repartição pública? A burocracia como sinônimo de um trabalho estafante e sem utilidade. Hoje, os tempos são outros, literalmente.

    O servidor que carimba e assina é o que mais recebe. Uma elite onde poucos podem chegar. São os 9.409 donos de cartórios que recebem por ano, em média, R$ 11 bilhões, equivalente a um grupo empresarial do porte da Ambev.

    A cervejaria teve um lucro anual de R$ 12 bilhões e suas atividades, certamente, vão muito, mas muito além de carimbar e assinar papéis.

    Os números comparativos fazem parte de um profundo trabalho de investigação do pesquisador José Roberto Afonso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

    Ele se debruçou sobre 27 milhões de declarações de Imposto de Renda de 2015 e suas conclusões são fantásticas.Em 133 categorias profissionais, sete mais rentáveis no Brasil estão vinculadas ao serviço público, como os donos de cartórios.

    Nesta elite paga pelo contribuinte, estão também promotores, procuradores e juízes que são carreiras típicas do Estado.

    Segundo reportagem do Estadão que analisou o trabalho de José Roberto, o pessoal do Ministério Público ganhou em média no ano passado meio milhão de reais. Para ser mais exato, R$ 530 mil, cada. Juízes e integrantes dos tribunais de contas, mais de R$ 512 mil. Diplomatas, R$ 332 mil por ano.

    Promotores, procuradores, juízes e integrantes de tribunais de contas recebem cerca de seis vezes mais que a média dos declarantes de Imposto de Renda no país. O pesquisador José Roberto chegou à conclusão de que a fatia da população brasileira que declara sua renda ao Fisco ganha, na média, R$ 87 mil por ano.

    “A declaração dá uma radiografia das pessoas de renda mais elevada e vários trabalhos recentes só foram possíveis após a divulgação e o cruzamento de dados da Receita Federal”, explica economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF).

    Ao avaliar os números, é possível imaginar o poder de fogo que estas categorias têm dentro do aparelho de Estado e fora dele. Mexer com esse pessoal, é o mesmo que mexer com abelheiros.


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