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  • Contato Brasil, 29 de março de 2024 05:03:43
Humberto Azevedo
  • 17/05/2017 18h45

    A reforma da Previdência

    Governo Temer tenta reunir 308 deputados que votem a favor por duas vezes a iniciativa que tem rejeição de quase 80% da população; Para isso usa e abusa do principal expediente para convencimento ao longo da história republicana: o Diário Oficial

    A reforma ao toque de caixa pretendida leva de rodão o princípio do acordo estabelecido em outubro de 1988 entre os cidadãos e o Estado brasileiro; Quais serão as consequências e os frutos desta quebra de contrato ora defendida pelo governo federal?

    A desfaçatez bizarra do antirrepublicanismo sempre foi uma prática comum entre todos governantes tupiniquins. Da direita à esquerda, dos conservadores aos progressistas. Isto posto não seria de se surpreender com a tática utilizada pelo governo que se autoproclama de transição. Ocorre aí que as práticas antirrepublicanas não se dão no movimento ordinário. E, sim, extraordinário!

    Utiliza-se da velha e carcomida barganha de cargos e benesses setoriais para tratorar o direito de se aposentar rasgando as regras de quem iniciou sua labuta acreditando que se chegaria ao fim do jogo. Querem mudar essas regras do meio para o fim de cada partida. E, para isso, em acordos prometem jogar para a “viúva” o que os devedores deveriam pagar. É o típico capitalismo com a coisa pública e o socialismo das coisas privadas tão comum por aqui. Apostam na inércia da população. Acreditam, não, têm certezas que o subalterno se manterá onde está.

    A vergonha desavergonhada está tão alheia aos olhos da nação que nem mais se ressentem de prover tais acordos em iniciativas não mais escondidas ao olho nu. Escancaram a prática e comemoram os resultados de cooptação às gargalhadas. Tudo isso sobre o velho-novo-velho conflito entre liberais e conservadores, ximangos e maragatos, nacionalistas e entreguistas, militaristas e civilistas, estatizantes e privatizantes, petistas e tucanos.

    Ávidos por pesquisas que monitoram o sentimento da população desconsideram os resultados obtidos que mostram que quase 80% da sociedade brasileira rejeita a reforma da previdência. Afirmam seus defensores que ela é necessária para fechar as contas e que mesmo uma medida tão impopular como essa precisa ser feita como se isso fosse uma medida que irá salvar um doente enfermo.

    O único fio de esperança existente para barrar essa tragédia que ameaça cair sobre todos é a realização de eleições livres em outubro de 2018. Sem ela, tal iniciativa pode vir acontecer ainda mais forte nos ombros da classe trabalhadora (classe média e proletária). Isso sem contar que o namoro que anda sendo feito às escondidas por aí nos aproxima ainda mais da porta dos infernos que já vivemos e experimentamos.

    Por isso tentam de todo modo desideologizar o debate da reforma previdenciária ideologizando com o discurso dos que saíram, agora à pouco, do poder.  Ideologicamente não há dissenso. Apenas consenso. Uma espécie de “união” entre antagonistas. Isso é o que prova essa frase do novo messias da política brasileira: “O governo dificilmente irá aprovar essa PEC aqui e, ainda, vai dar munição para o PT”, declarou o deputado federal, capitão do Exército reformado e presidenciável Jair Bolsonaro.

    Segundo ele “seria assinar o próprio atestado de óbito (político numa democracia) votar favorável a esse negócio aqui”. Os argumentos utilizados pelo hoje representante da extrema-direita brasileira são os mesmos levantados pelos demais que se posicionam contrariamente a aprovação de tal reforma. Sejam eles de direita, centro, esquerda ou extrema-esquerda. “Estive no Piauí. Segundo o IBGE a expectativa de vida é 69 anos. Então não dá para passar para 65”, disparou.


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