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Humberto Azevedo
  • 09/11/2016 21h09

    Parlamentares nordestinos comentam eleição de Trump

    Sílvio Costa (PE) acredita que eleição do bilionário é uma vitória do movimento da “não política”; Zenaide Maia (RN) diz não saber o que esperar do futuro governo Trump

    Procurados por este Blog, os deputados Sílvio Costa (PTdoB-PE) e Zenaide Maia (PR-RN) comentaram o resultado da eleição nos Estados Unidos da América (EUA) realizada nesta última terça-feira, 08. Ambos, estupefatos, buscam tentar acreditar na vitória daquele que se pintou e foi pintado como o próprio anticristo na Terra.

    Há duas semanas este Blog ouviu das principais lideranças do DEM, PMDB, PSDB, PSB, PT e PSOL amarguras e queixas contra uma possível vitória do candidato republicano que já teve passagem pelo Partido Democrata. Todos faziam coro para uma vitória da ex-primeira-dama dos EUA entre 1993 e 2000, Hillary Clinton. Viam como improvável e com extrema preocupação uma vitória de Donald Trump. Pois, agora, eis que a “improvável” vitória veio.

    O pernambucano Sílvio Costa classificou a vitória de Trump como “lamentável”. Ele ficou conhecido do grande público brasileiro durante o processo de impedimento que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff como um dos mais ardorosos defensores do mandato da petista. Esse foi “o coroamento de um ‘gran finale’ para a negação da política. Lamentavelmente foi a vitória da anti-política”.

    Também contrária ao impedimento de Dilma, a potiguar Zenaide Maia não soube afirmar o que esperar do futuro governo Trump. “Como se vai construir isso aí, não sei. Uma coisa é certa: o que se condenava no Trump é esse racismo com relação a um bocado de gente. O que ele falou sobre o México foi horrível. (...) Ter uma previsão do que vai acontecer, ele é imprevisível. Como presidente da maior (economia do planeta), ele tem que se reunir e diminuir aquele falatório todo”.

     

    Modelo

    Com visões distintas quanto ao modelo de desenvolvimento, os dois parlamentares nordestinos teceram mais alguns comentários. Se ambos estavam na mesma fileira derrotada contra o impeachment de Dilma, hoje eles já não comungam da mesma opinião com relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 de 2016, ora rebatizada de PEC 55, que por uns é chamada de “PEC das maldades e do fim do mundo” e por outros de “PEC da esperança e da responsabilidade fiscal”.

    “A eleição do Trump foi baseada na rejeição de Hillary, na fadiga dos oitos anos do Obama e, sobretudo, na anti-política e no discurso aventureiro. Eu não vejo isso como uma onda conservadora. Eu vejo isso da negação da política com muita preocupação. Ele se elegeu lá com um discurso de que era empresário semelhante ao que o (João) Dória (do PSDB) fez aqui em São Paulo. Eu torço para que àquelas loucuras que ele dizia se resumam a campanha e a discursos irresponsáveis de campanha. Eu espero que ele tenha um choque de responsabilidade pública”, completou o deputado Sílvio Costa, apoiador da PEC 55.

    “De repente hoje no discurso dele (em que comemorava a vitória) eu achei que ele estava usando muito eufemismo já, agradecendo, querendo a união do povo e elogiando a Hillary (uma coisa) que nunca (tinha feito). Eu, particularmente, torci para Hillary. Não só pelo fato dela ser mulher, mas por achar que a democrata iria ver (essa coisa do social) mais aí”, complementou a deputada Zenaide que votou contra a PEC 55 quando da tramitação na Câmara e que segue em debate no Senado Federal.

     

    New Deal

    Em seu primeiro discurso como presidente eleito da principal economia mundial, Trump pontuou se esforçar em transformar os Estados Unidos num canteiro de obras para promover uma nova onda de desenvolvimento que fomente a geração de milhares empregos para os norte-americanos.

    Este trecho do seu discurso remonta ao que foi os governos do Democrata Francis Roosevelt das décadas de 30 e 40. E que em parte foi usado recentemente no final do segundo governo Lula e no primeiro governo Dilma para tentar fazer frente às consequências da crise financeira que levou a economia europeia e norte-americana em colapso.

    Questionados se o governo Trump pode vir a ser a tábua de salvação do sistema capitalista ou pelo menos adiar por algumas décadas àquilo que muitos pensadores chamam de “o fim do capitalismo”, pondo uma trava no apogeu do capitalismo financeiro que resultou no epicentro das causas da quebradeira de 2007, os dois parlamentares nordestinos formularam respostas diferentes.

    Sílvio Costa descartou maiores profundidades ou complexidades do governo Trump em priorizar o modo de produção sobre o financeirismo. Para ele, Trump – como um agente do mercado – “otimizará” os recursos do Estado para prover a iniciativa privada da função de alavancar a economia.

    Já Zenaide Maia além de descartar “uma trava (por parte do futuro governo Trump) no capitalismo financeiro”, analisa “que não se sai de uma crise financeira sem um maior investidor que é o governo”. Para ela a fórmula utilizada em 2008, pelo então governo de George Bush Jr, pode ser repetida usando os recursos novamente do Tesouro norte-americano para fomentar a economia local.

    Fato que propiciou a maior concentração de renda já metrificada. Um recente estudo elaborado pela Credit Suisse aponta que “1% da população possuem tanto dinheiro líquido e investido quanto o 99% restante da população mundial” conforme mostra esta reportagem do jornal espanhol El País.

     

    Saída à brasileira

    Como sugestão para tentar encontrar uma solução para crise econômica que dinamitou a economia brasileira nos últimos três anos, após a adoção das medidas anticíclicas pararem de surtir efeitos, a deputada Zenaide Maia conta que apresentou a PEC 160 de 2015 com o objetivo de limitar os juros das instituições financeiras até no máximo três vezes a taxa Selic.

    A referida proposta da parlamentar potiguar dormita há um ano nos escaninhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aguardando a aprovação da admissibilidade para que a PEC 160 comece a ser debatida quanto ao mérito.

    “A gente sabe que o capitalismo tem estas subidas, descidas e sempre teve estas crises. Se o Trump for valorizar o setor produtivo isso é um lado positivo. Porque o que a gente faz aqui é valorizar a especulação. Quem ganha dinheiro neste País hoje se chama banco”, emendou.


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