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Humberto Azevedo
  • 13/10/2016 12h53

    Estreia - Relembrando o derby da política brasileira

    Neste primeiro texto republico uma entrevista com o jornalista e escritor cearense Lira Neto, autor de uma essencial biografia de Getúlio Vargas

    Neste primeiro texto aqui disponibilizado pela Política Real, vou estreá-lo republicando uma pequena entrevista que fiz – dois dias antes do 2º turno das eleições presidenciais de 2014 – que surpreendentemente foi vencida pela então e agora ex-presidente Dilma Rousseff.

    O ano de 2016 entrará para história, tanto para o bem quanto para o mal, como aconteceu com 1964, 1954 e porque não com 1930. A entrevista pode também ser ouvida clicando aqui.

     

    Polarização entre PT e PSDB lembra getulismo e antigetulismo da década de 50, diz biógrafo do ex-presidente

    O jornalista e escritor cearense Lira Neto falou, ainda, com exclusividade para a Política Real que Getúlio Vargas só não mudou a face do Nordeste porque não conseguiu empregar as reformas no meio rural

     

    (Brasília-DF, 24/10/2014) Faltando dois dias para a próxima eleição presidencial, o combate vivenciado por eleitores da presidenta Dilma Rousseff (PT) e do candidato da oposição, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), lembra o getulismo e o antigetulismo da década de 50. Pelo menos é esta a impressão do biógrafo do ex-presidente Getúlio Vargas, o jornalista e escritor cearense Lira Neto. “É uma polarização que me parece 60 anos depois ainda continua muito atual e muito permanente. E é por isso que a figura do Getúlio também permanece”.

    Autor de três volumes que narram a biografia do ex-presidente do Brasil, Lira Neto falou, ainda, com exclusividade para a Política Real que Getúlio Vargas só não mudou a face do Nordeste durante os seus mandatos presidenciais porque não conseguiu empregar as reformas trabalhistas no meio rural. Coisa que só veio a ocorrer com a Constituição de 1988 e, posteriormente, com as regulamentações da Carta Magna já na década de 90. “Sem dúvidas é um personagem que no Nordeste, ainda, tem uma memória, um recall - como se diz hoje – bastante forte no imaginário coletivo nordestino”.

     

    Desde os anos 50

    “É curioso notar que boa parte da polarização que hoje a gente assiste no País. Um Brasil dividido entre dois projetos políticos de poder bastantes específicos e bem definidos, essa polarização tem uma raiz justamente lá nos anos 50 e, principalmente, no final da vida do Getúlio, onde os getulistas e os antigetulistas se digladiavam com avidez e veemência. E ali um pouco surge esta polarização e esta dicotomia”, comentou Lira Neto.

    “De um lado (estão) os que defendem um Estado intervencionista, que busca não deixar unicamente na mão invisível do mercado (o poder de) resolver as questões e as contradições sociais do País. E, por outro lado, um projeto mais alinhado com o mercado, mais alinhado com a perspectiva de que o Brasil precisa de um choque ainda maior de capitalismo”, complementou o jornalista e escritor.

     

    Impactos no Nordeste

    “Olha, sem dúvidas, o Getúlio modernizou o Brasil. Ele tirou o País de uma condição agrária, evidentemente agrária, e começou a conduzir o Brasil num destino de projeto de industrialização. E isso logicamente impactou os grandes centros urbanos. E no Nordeste, essas (ações), nas classes médias urbanas foram impactadas sem dúvidas também por estes avanços, inclusive, nas legislações trabalhistas”, analisou.

    “Uma coisa que a gente precisa chamar a atenção é que o projeto de Getúlio de poder não contemplou os operários rurais. Não houve tempo para isso, que ficaria para depois e acabou não tendo tempo para isso. Mas sem dúvidas o Getúlio teve um trabalho grande no Nordeste, inclusive nas obras de combate à seca, na criação de órgãos de desenvolvimento regional como o próprio Banco do Nordeste (BNB) que é uma criação do Getúlio”, emendou.

     

    Sucesso

    Por fim, o jornalista e escritor cearense Lira Neto comentou também o sucesso que os seus três volumes biográficos sobre Getúlio Vargas lançados pela Editora “Cia das Letras” tem alcançado no País. “O sucesso da biografia, dos três livros sobre Getúlio Vargas, mostram algumas coisas. A primeira é que o público gosta de ler sobre história do Brasil”, falou.

    “A história do Brasil é um gênero que sempre faz muito sucesso. Basta ver a obra do Laurentino Gomes (1808 que conta o início do Reino Unido Brasil-Portugal-Algarves, 1922 que trata sobre a Independência do Brasil e 1889 que fala sobre a Proclamação da República), que é best seller há anos seguidos. Então há uma avidez do brasileiro pela própria história”, avaliou.

    “E a segunda coisa é que as pessoas, ao contrário do que se costuma a acreditar, também gostam ler sobre política. Estamos falando de um personagem que morreu há 60 anos, um político, que ainda hoje desperta tanto interesse. Então são outras três lendas que caem por terra, de que as pessoas não gostam de ler, de que não gostam de história e de que não gostam de política. Então eu acho que são três mitos que a gente precisa questionar”, finalizou.


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